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Braga nega problemas no sistema elétrico, mas anuncia 'reforço' de 1,5 mil MW

OESP, Economia, p. B1
21 de Jan de 2015

Braga nega problemas no sistema elétrico, mas anuncia 'reforço' de 1,5 mil MW

Anne Warth
Eduardo Rodrigues
Tânia Monteiro / BRASÍLIA

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, anunciou ontem um plano de emergência para reforçar o sistema elétrico brasileiro com um volume adicional de energia de 1,5 mil megawatts (MW). No início da noite, Braga disse que as ações preparadas têm como principal objetivo abastecer a Região Sudeste. Apesar de repetir várias vezes que o sistema é "robusto", o ministro admitiu que o modelo precisa de "ajustes" e disse ainda contar com a ajuda de Deus para a normalização das chuvas no País. Braga negou ainda que o País terá que passar por um racionamento de energia.

"Deus é brasileiro e temos que contar que ele vai trazer um pouco de umidade e chuva", disse Braga, repetindo o ex-ministro Edison Lobão, que, no ano passado, afirmou que o País não passaria por um racionamento de energia "com a graça de Deus". O apagão da última segunda-feira atingiu pelo menos 10 Estados, além do Distrito Federal. "Se não houvesse imprevistos não teríamos desafios", disse.

Braga garantiu que o sistema está preparado para atender a picos de demanda de energia em todas as regiões do País. Ele anunciou um reforço na produção da usina de Itaipu, que vai gerar 300 MW adicionais, e o aumento da transferência de energia da Região Nordeste para o Sudeste/Centro-Oeste, que vai acrescentar 400 MW ao sistema. E disse que o religamento da usina de Angra 1 proporcionará um adicional entre 100 MW e 200 MW. Além disso, parte das usinas térmicas da Petrobras voltará a produzir energia após um período de manutenção preventiva. Essas usinas vão acrescentar 867 MW ao sistema e começam a retomar a produção a partir de 20 de janeiro.

O ministro explicou que o apagão começou após um problema na linha de transmissão Norte-Sul. Uma falha no capacitor dessa linha aconteceu há alguns dias, mas seus efeitos tiveram consequências apenas nesta semana. Isso, disse, provocou uma queda da energia na usina Governador Ney Braga, de 1.260 MW, da Copel. "Não é possível dizer ainda se foi falha humana ou técnica, mas já se sabe que a atuação do equipamento de proteção de potência da usina foi indevida", afirmou. Assim, outras usinas também foram desconectadas de forma automática, devido a falhas em equipamentos e sistemas de proteção. "Repito: o que aconteceu na segunda-feira não foi desligamento por falta de geração", afirmou. "Neste momento, o sistema está funcionando sem nenhuma intercorrência."

Acareação

A reunião realizada ontem, no Rio de Janeiro, entre os diversos segmentos do setor de energia para descobrir os verdadeiros responsáveis pelo apagão foi determinado pela presidente Dilma Rousseff. Insatisfeita com as tentativas de jogo de empurra sobre a culpa do apagão, mandou todos se sentarem à mesa para uma "acareação". No Palácio do Planalto, foi considerado "absurdo" o silêncio do ministro Eduardo Braga e outros representantes do setor em relação à falta de energia. "Foram horas sem qualquer satisfação à população. As pessoas merecem e precisam saber o que aconteceu e o que estava acontecendo", disse um auxiliar presidencial.

A entrevista do ministro ocorreu apenas às 20h de hoje, após a nota do Operador Nacional do Sistema (ONS) ter sido considerada "pífia". Hoje, mais uma vez, houve demora nas explicações. Dilma foi informada que havia energia suficiente em Itaipu que poderia ter sido acionada para evitar o apagão. "Não há preocupação com limite de gasto de energia", disse o assessor. Mesmo com pico de consumo, há geração suficiente, entende Dilma. "A preocupação da presidente é corrigir, buscar as causas e evitar que problema semelhante se repitam", disse.

OESP, 21/01/2015, Economia, p. B1

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