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Biólogo espanhol que denunciou crimes ambientais é morto a tiros

O Globo, Rio, p. 15
07 de Ago de 2013

Biólogo espanhol que denunciou crimes ambientais é morto a tiros
Vítima combatia caçadores em Rio Claro. Polícia suspeita de vingança

DICLER DE MELLO E SOUZA
granderio@oglobo.com.br

O biólogo espanhol Gonzalo Alonso Hernandez, de 49 anos, foi encontrado morto ontem de manhã em Rio Claro, no Sul Fluminense. O corpo da vítima foi achado boiando perto de uma cachoeira, com marcas de tiros na cabeça, no Parque Estadual Cunhambebe, no distrito de Lídice.
O delegado titular da 168ª DP (Rio Claro), Marco Antônio Alves, afirmou que a hipótese mais provável para o caso é que tenha sido uma reação às denúncias que Gonzalo fazia sobre crimes ambientais. O espanhol morava há mais de dez anos em um sítio da região.
Um vizinho da vítima foi o primeiro a ver corpo e a avisar a polícia. O policial que foi ao local disse que, ao chegar, o corpo de Gonzalo já havia sido retirado da água e estava coberto por folhas de bananeira.
O biólogo foi visto pela última vez na tarde de domingo.
O delegado levantou a suspeita de o crime ter ocorrido por vingança depois de ter sido procurado pela mulher de Gonzalo, Maria de Lurdes Pena Campos, de 48 anos. Segundo o policial, ela informou que o marido vivia brigando com pessoas que praticavam caça sem autorização e combatia palmiteiros que faziam a extração ilegal do produto.
- O biólogo defendia as espécies em extinção e combatia a caça predatória no parque, como a matança de passarinhos e outros animais. A mulher informou que essa luta do biólogo para defender o meio ambiente na reserva incomodava algumas pessoas - disse o delegado Alves.
COMPUTADOR DE GONZALO SUMIU
O espanhol também criticava as queimadas feitas na reserva por fazendeiros. No domingo, Gonzalo levou a mulher até a Rodoviária de Piraí, onde ela embarcou para o Rio.
Maria de Lurdes falou pela última fez com marido ainda no domingo. Ela telefonou para o biólogo durante a viagem, ocasião em que ele afirmou que estava chegando a Lídice. - Depois disso, Maria não conseguiu mais falar com o marido - disse o delegado.
Ele informou ainda que um computador foi roubado da casa do biólogo. Para o delegado, a intenção dos bandidos pode ter sido desaparecer com informações que levariam a polícia aos assassinos.
O delegado aguarda agora o laudo do Instituto Médico-Legal (IML) de Angra dos Reis, onde foi feita a necrópsia.
- Preciso ouvir testemunhas e aguardo o laudo não apenas do IML, como também do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE ). Só depois vou poder afirmar se a motivação foi vingança ou se o que aconteceu foi latrocínio (roubo com morte) - disse o delegado.

O Globo, 07/08/2013, Rio, p. 15

http://oglobo.globo.com/rio/biologo-espanhol-encontrado-morto-no-sul-fl…

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