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A biodiversidade ganha valor pela boca

Imaflora - http://imaflora.blogspot.com.br
Autor: ATALA, Alex
08 de Jan de 2018

"Quando a diversidade entra pela boca, ganha valor"

Alguns sábados, antes do Natal, uma fila enorme de pessoas, no Mercado de Pinheiros, chamava a atenção para a mesa com doces e salgados preparados com ingredientes amazônicos: bolo com farinha de babaçu e castanhas e hambúrguer de cogumelos dos índios Yanomamis eram alguns deles.

Com a mesma velocidade com que repunha os quitutes, a chef Bárbara Andrade respondia a um verdadeiro questionário dos visitantes sobre a origem e as possibilidades de usos daqueles produtos. Cena que evidenciava tanto a curiosidade, quanto o enorme desconhecimento do que há na Amazônia, além da sucessão de copas de árvores vistas do alto.

Foi por esse tema, que começou a conversa com o Alex Atala, que por meio do Instituto Atá é parceiro do Imaflora e do ISA, na inciativa Origens Brasil®. É ele quem abre a conversa.

Alex Atala - Falar em Amazônia em São Paulo, por incrível que pareça, é falar de algo distante. Mas eu vou falar de um produto ainda mais distante territorialmente, mas com mais valor percebido, que é o vinho. Quando a gente começa a beber o vinho, com o tempo, passa a pensar de onde vem, como é feito, pensa no vinho a partir da geografia, da geologia, do clima. A partir disso, o consumidor atribui um valor a essa bebida. Porque valor não é preço, é percepção. Para a biodiversidade da Amazônia ser reconhecida, não basta falarmos dela, é preciso experimentar seus produtos. Quando a diversidade entra pela boca, ela ganha valor.

Radar - E quais seriam os caminhos possíveis para estreitar essa relação? A indústria tem um papel nessa ponte com o consumidor?

Alex Atala - O ideal seria vir de todos os lados, mas não é a realidade no Brasil. Hoje, eu acredito que nós, mercado final, temos essa função. Sempre que o mercado abre a demanda, a indústria se agiliza para atendê-lo. A partir do momento, que eu chamo hoje de "cozinha do futuro", se não cozinharmos, não comprarmos e não servirmos coisas que não estejam de acordo com a nossa ética, nós vamos gerar uma demanda real e uma readequação do mercado. E os valores socioambientais englobam essa nova ética. Eu tenho certeza que o ato de comer não é uma atividade vital, mas uma atitude cultural, econômica, cidadã e ambiental.

Radar - E desse ponto de vista como avalia uma inciativa como o Origens Brasil®?

Alex Atala - Eu acho uma iniciativa importantíssima. É fundamental essa união entre um Instituto com a credibilidade do Imaflora, a força de estruturação de cadeias do ISA e o valor que nós, do Atá, conseguimos gerar para o consumidor final. É um exemplo a ser notado.

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