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Biodiversidade é vital para o Brasil

O Globo, Razão Social, p. 18
15 de Jun de 2010

Biodiversidade é vital para o Brasil
Segundo especialista, assunto deve guiar legislação ambiental

Camila Nobrega
camila.nobrega@oglobo.com.br

Não basta aprovar legislações relativas à conservação de florestas nativas, sem pensar em cada aspecto da natureza necessário para a manutenção da biodiversidade. A opinião é do pesquisador Alessandro Galli, um dos autores de um artigo publicado na revista americana "Science" no mês passado, que mostrou o fracasso das políticas mundiais para conter a redução da biodiversidade.
De acordo com dados da pesquisa, nenhum dos governos signatários conseguiu cumprir o pacto para proteção da biodiversidade, de 2002, das Nações Unidas. Em entrevista exclusiva para o Razão Social, Galli disse que países do hemisfério Sul podem ser os mais afetados, já que possuem economias dependentes de recursos naturais.

- Os dados da pesquisa foram alarmantes para todos.
Mas os riscos são ainda maiores para áreas como a América Latina, que tem sua economia apoiada na agricultura e em outras formas de exploração de recursos naturais. Com a redução da biodiversidade e a crescente pressão dos seres humanos sobre o planeta, a Terra vai reduzindo cada vez mais a capacidade de nos prover esses recursos. Os governantes precisam entender que a biodiversidade é a maior riqueza das nações. Não há como fazer legislações florestais, por exemplo, sem colocar a biodiversidade como assunto prioritário.
Se espécies forem extintas, setores da economia também serão.
A natureza é uma cadeia.
Como um dos principais membros da organização Ecological Footprint, Galli foi responsável pelos indicadores de pegada ecológica, como um dos fatores que podem estar relacionados à perda da biodiversidade e concluiu que, mesmo em casos onde há redução da pegada, não se garante a conservação das diversas espécies de fauna e flora.

É o caso do Brasil, por exemplo, que, apesar de ter reduzido sua pegada ecológica em 10% entre os anos de 1961 e 2006 (de acordo com cálculo de 2009), continua com graves problemas relacionados à biodiversidade.

- Ainda não há indicadores que relacionem diretamente a pegada ecológica e a queda de biodiversidade. Estou estudando casos específicos de países para fazer essa comparação.
Mas, em relação ao Brasil, podemos ver que o país reduziu sua pegada, mas continua ganhando cada vez mais espécies para a lista vermelha, que aponta risco de extinção. É preciso pensar nisso agora, porque as consequências podem ser enormes.

O pesquisador lembra que, em outubro deste ano, governantes estarão reunidos em Nagoya, no Japão, para propor um novo acordo pós-2010 para tentar frear a situação.

O Globo, 15/06/2010, Razão Social, p. 18

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