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Biden quer Bolsonaro em fórum do clima em abril

OESP - https://internacional.estadao.com.br/noticias/geral
17 de Fev de 2021

Biden quer Bolsonaro em fórum do clima em abril
Reunião deve se tornar um preparativo para a cúpula do clima, agendada para novembro, em Glasgow, na Escócia

Beatriz Bulla, Felipe Frazão e André Borges, O Estado de S.Paulo
17 de fevereiro de 2021

WASHINGTON - Os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mantiveram na terça-feira, 16, a primeira reunião de trabalho com John Kerry, enviado especial do governo dos EUA para as mudanças climáticas. De acordo com uma fonte presente na reunião, Kerry afirmou que o presidente americano, Joe Biden, gostaria de ter Jair Bolsonaro no fórum sobre o meio ambiente, marcado para o dia 22 de abril.
Os americanos querem fazer da reunião, batizada de "Fórum do Dia da Terra", um preparativo para a cúpula do clima, agendada para novembro, em Glasgow, na Escócia. O Secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, já havia sinalizado a Araújo, em telefonema na semana passada, que Biden gostaria de contar com a presença do Brasil na reunião, algo que foi enfatizado por Kerry na conversa de terça-feira.
Segundo nota dos ministérios, eles examinaram "possibilidades de cooperação" em mudança do clima e combate ao desmatamento. Ficou acertado que os países vão aprofundar o diálogo e manter encontros frequentes "em busca de soluções sustentáveis e duradouras aos desafios climáticos comuns".
Eles conversaram por videoconferência. Foi a segunda reunião entre equipes de alto escalão dos governos Jair Bolsonaro e Joe Biden. Fontes diplomáticas afirmaram que a conversa foi longa e "produtiva".
Durante cerca de 40 minutos, eles combinaram de manter conversas semanais entre técnicos da área ambiental dos dois governos. Essas reuniões poderão contar, eventualmente, com a participação de Kerry e Salles.
Na semana passada, o chanceler havia mantido uma conversa telefônica com o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken. Na ocasião, Araújo disse que a agenda entre os países foi "100% positiva".
Apoiador do ex-presidente Donald Trump, Bolsonaro fez oposição e contestou a eleição de Biden. Agora, tenta construir uma aproximação desde a posse do democrata na Casa Branca, em janeiro, quando enviou uma carta diplomática em tom "construtivo", segundo análise de diplomatas americanos.
Biden já havia anunciado que a pauta ambiental seria colocada como prioridade na relação entre os países. Na campanha, ameaçou impor sanções econômicas ao Brasil, caso não houvesse ações para conter a alta no desmatamento.
Biden acenou com uma oferta de U$ 20 bilhões (aproximadamente R$ 100 milhões) na Amazônia e prometeu "reunir o mundo" para cobrar ações e participar da iniciativa, numa abordagem multilateral. Bolsonaro reagiu mal. Disse que a fala foi "lamentável" e que a soberania brasileira era "inegociável".
No fim do ano passado, ainda no governo Donald Trump, os países inauguraram uma plataforma de conversas, chamada Diálogo Brasil-EUA, sobre meio ambiente.
Os EUA planejam apresentar um plano de conservação da Amazônia, que querem criar em colaboração com os países que abrigam parte da floresta. A menção à floresta consta no pacote climático lançado recentemente por Biden. Os americanos devem esboçar as propostas sobre comprometimento com a preservação da floresta nas próximas reuniões com o Ministério do Meio Ambiente.
Nos últimos dez dias, os americanos têm tentado dissipar a ideia de que há ruídos na relação com o Brasil. Tanto o Departamento de Estado como a Casa Branca têm ressaltado a parceria de séculos entre os dois países e destacado que, apesar de divergências com o governo Bolsonaro, a ideia é manter o diálogo e a parceria, sem abrir mão da cobrança pelo compromisso com a agenda ambiental e proteção de direitos humanos. Na conversa, segundo fontes, Kerry ressaltou que planeja trabalhar em parceria com o Brasil na questão ambiental.

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