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Bayer compra Monsanto por US$ 66 bilhões

O Globo, Economia, p. 26
15 de Set de 2016

Bayer compra Monsanto por US$ 66 bilhões
Negócio é o maior já registrado com pagamento apenas em dinheiro, mas depende do aval de reguladores
A Bayer produz pesticidas. Já a Monsanto atua sobretudo com sementes geneticamente modificadas

-NOVA YORK E FRANKFURT- A gigante alemã Bayer, que atua do ramo farmacêutico à produção de defensivos agrícolas, anunciou ontem a compra da americana Monsanto, líder global em sementes e pesticidas, por US$ 66 bilhões, que serão pagos em dinheiro - o que torna o negócio o maior pago em espécie já registrado. O acordo de fusão prevê que a Bayer pague US$ 128 por ação da Monsanto. O valor é 44% superior ao preço do papel registeado em 9 de maio deste ano, quando a alemã fez a primeira proposta por escrito à americana. Os conselhos de diretores e de supervisão das duas companhias concordaram com o negócio por unanimidade.
A compra da Monsanto, conhecida pelo desenvolvimento de sementes geneticamente modificadas, é o negócio mais caro já feito pelo grupo alemão. A fusão, porém, depende da aprovação de acionistas e de órgãos reguladores da concorrência.
GIGANTE DE US$ 25,8 BI EM RECEITAS
Juntas, Bayer e Monsanto se converterão em uma gigante mundial de US$ 25,8 bilhões em volume de negócios anual, com 140 mil funcionários.
A proposta aceita foi a terceira oferta feita pelo grupo alemão - e teve melhoras. A anterior previa o pagamento de US$ 127,50 por ação da companhia americana. O valor total da operação, de US$ 66 bilhões, inclui as dívidas da Monsanto.
"Estamos felizes em anunciar a combinação de nossas duas grandes organizações. Isso representa um grande passo em nosso negócio agrícola e reforça a posição de liderança da Bayer em inovação global", informou o comunicado divulgado pela empresa alemã.
A Bayer afirmou que as duas empresas são complementares. A alemã produz pesticidas agrícolas, enquanto a Monsanto se concentra principalmente na produção de sementes geneticamente modificadas. A sede da divisão agrícola da empresa, assim como da representação da companhia na América do Norte, ficará em St. Louis, no estado de Missouri, onde fica a sede da Monsanto. Segundo a Bayer, o negócio trará sinergias anuais esperadas de aproximadamente US$ 1,5 bilhão após três anos.
O setor tem sido palco de uma série de fusões nos últimos anos, como consequência do aquecimento global e da grande concorrência no mercado de grãos. Os preços dos grãos estão perto dos menores patamares em anos, em função de um excesso de oferta, o que tem reduzido os ganhos dos produtores.
- Os concorrentes da Bayer estão se fundindo, então não fazer este negócio significaria ter uma desvantagem competitiva - avaliou Markus Manns, gestor de fundos da Union Investment, um dos 12 maiores investidores da companhia germânica.
A fusão entre a Monsanto e a Bayer causou fortes críticas na Alemanha, um país cuja sociedade se opõe majoritariamente aos transgênicos - que são um dos pontos fortes da empresa americana. Também houve queixas nos Estados Unidos: o senador Bernie Sanders, que disputou com Hillary Clinton a indicação para concorrer à presidência, classificou a fusão de "uma ameaça para todos os americanos".
MAIOR PRODUTORA DE SEMENTES DO MUNDO
O acordo criará a maior produtora de sementes e pesticidas do mundo, segundo fontes do setor. Mas a aprovação de órgãos antitruste em vários países - Brasil inclusive - deve ser um processo longo. O diretor executivo da Monsanto, Hugh Grant, disse que as empresas terão de entrar com processos sobre a fusão em cerca de 30 locais diferentes.
Grupos de ecologistas e de defesa do consumidor devem requisitar aos órgãos reguladores que bloqueiem diretamente a operação. Integrantes do Parlamento Europeu já criaram petições na internet em que afirmam que a transação "dominaria o mercado de sementes na Europa" e limitaria as opções em uma indústria já concentrada.
A compra da Monsanto pela Bayer segue duas outras grandes fusões multimilionárias na indústria de defensivos agrícolas: a compra da suíça Syngenta pela estatal chinesa ChemChina, por US$ 43 bilhões, e a união entre Dow Chemical e DuPont, que criou a maior empresa de produtos químicos do mundo.
O acordo entre Bayer e Monsanto pode ser alvo de uma investigação exaustiva da União Europeia, que pode durar cerca de seis meses para compilar evidências de rivais e clientes. Um modelo possível é o da investigação feita pela UE em torno da fusão de Dow e DuPont.

O Globo, 15/09/2016, Economia, p. 26

http://oglobo.globo.com/economia/negocios/bayer-anuncia-compra-da-monsa…

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