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Basa foca estratégia para trazer investimento estrangeiro à Amazônia

Valor Econômico-São Paulo-SP
08 de Out de 2003

Alçado à condição de principal organismo de fomento para o desenvolvimento da Região Amazônica, o Banco da Amazônia (Basa) passa por uma completa reestruturação para se adequar ao projeto de puxar o crescimento regional, incentivando a exploração de riquezas naturais dentro de severas regras de preservação ambiental.

A idéia é potencializar os recursos, pequenos diante das gigantescas necessidades da região, que soma nove Estados, mais de 60% do território brasileiro, mas responde por apenas 6,5% do PIB nacional. O Basa deve fechar o ano com R$ 900 milhões em investimentos, valor formado basicamente por recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Norte (FNO) - sua principal fonte de crédito de fomento.

Neste ano, o FNO deve ficar entre R$ 600 milhões e R$ 650 milhões, uma vez que depende da arrecadação do IPI e do Imposto de Renda. O restante vem de retornos de financiamentos já concedidos. É pouco.

Por isso, ao lado de uma reestruturação interna, o presidente do banco, o economista acreano Mâncio Lima Cordeiro, está empenhado na captação de recursos no exterior. Com essa determinação, e o trunfo refletido pela crença de que o planeta todo tem interesse na preservação da Amazônia, Cordeiro pretende capitalizar o momento e atrair investimentos, tanto de grupos econômicos e dos chamados "fundos éticos", como de organismos internacionais de crédito. Já foi criada uma área internacional para cuidar do assunto e Cordeiro diz que as conversas estão avançadas.

Por outro lado, o banco já ampliou suas fontes de recursos, passando a operar com o dinheiro do Fundo de Apoio ao Trabalhador (FAT), de onde vêm R$ 150 milhões. Também garantiu R$ 22 milhões no Orçamento da União. E vai operar R$ 150 milhões com o Banco do Nordeste e negocia a gestão do Fundo da Marinha Mercante.

Aliás, dentro da estratégia de aparecer mais e captar mais, é bom fazer uma ressalva: o Basa não quer mais ser chamado de Basa, mas de Banco da Amazônia, para melhor lembrar o peso da região que representa com a força de seu nome.

Enquanto alinhava a captação de recursos de um lado, a direção da instituição costura acordos para mudar regras e agilizar empreendimentos, já que não pode esperar que tudo fique pronto para o barco sair a navegar.

Por incrível que possa parecer, a nova administração do Banco da Amazônia concedeu, em junho, o primeiro financiamento de um banco público para o manejo florestal na Amazônia. A contemplada foi a empresa Juruá Madeiras, do Pará, certificada pelo Forest Stewardship Council (FSC). E precisou convencer o Conselho Monetário Nacional (CMN) da necessidade de financiar três cooperativas formadas por agricultores de pequeno e médio portes, além de empregados da empresa Amafrutas, que estava à beira da falência. Os produtores rurais assumiram o empreendimento, que já representa o centro de um pólo de fruticultura no nordeste do Pará.

Para financiar o aumento da produção das 1.033 famílias em 14 municípios para as atuais 4 mil famílias nas 29 cidades, o Banco da Amazônia obteve permissão para reduzir os juros desses empréstimos (no total de R$ 13 milhões) de 8,75% para 4% - caso contrário o projeto não se tornaria viável.

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