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Bacia do rio Madeira não tem alerta que antecipa enchentes

Amazônia Real - http://amazoniareal.com.br/
Autor: Kátia Brasil
31 de Mar de 2014

Um novo sistema de alerta online que antecipa riscos das enchentes na Amazônia, deixou de ser implantado pelo Serviço Geológico do Brasil (sigla para CPRM) no ano passado na bacia do Rio Madeira, em Rondônia, região que enfrenta a maior cheia em 47 anos.

O CPRM diz que faltam pesquisadores em geociências, que são engenheiros especializados na hidrologia, e estações automáticas para implantar o Sistema de Alerta Contra Enchentes (SACE) na bacia do Rio Madeira.

Em Rondônia, o CPRM em Rondônia divulga diariamente os boletins com informações das medições dos rios nas cheias e vazantes (seca) há 50 anos. São 55 estações de hidrologia e meteorologia instaladas e coordenadas pela Agência Nacional das Águas (ANA). Elas monitoram a chuva, a humidade, a temperatura e a vazão, além da qualidade de água.

Com o SACE, que é um sistema de padrão internacional, os alertas são divulgados com antecedência de até 8 horas para inundações, diz o CPRM. Para prevenção de áreas com risco de deslizamentos o alerta é emitido com dois meses de antecedência, minimizando os prejuízos causados pelas cheias.

Os pesquisadores em geociências conseguem fazer as previsões a partir de análise de dados das estações automáticas e cálculos matemáticos. As estações são telemétricas, com sensores de chuva e de pressão atmosférica, que medem temperatura e humidade. Uma antena via satélite produz informações online para Defesa Civil.

A falta de antecedência dos alertas de risco na enchente do Rio Madeira foi criticada pelo coordenador da Defesa Civil de Porto Velho, coronel José Pimentel. Em entrevista publicada na agência Amazônia Real ele disse que as informações da meteorologia do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia) e da hidrologia da ANA (Agência Nacional das Águas) e do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) eram atrasadas, prejudicando o atendimento às famílias atingidas.

Em Rondônia, cerca de 20 mil pessoas estão desabrigadas e desalojadas pela enchente, classificada pelo Ministério da Integração como um desastre natural de grande proporção.

Na capital Porto Velho, em estado de calamidade pública há 30 dias, o rio Madeira continua transbordando nas rodovias. O nível marcou neste domingo 19,72 m_10 metros acima da normalidade. A cidade continua isolada por via terrestre dos Estados do Acre (BR 364) e do Amazonas (BR 319).

Concurso público contratou profissionais

Marco Oliveira, superintendente do CRPM no Amazonas, não quis comentar as declarações do coordenador da Defesa Civil Municipal. Ele disse que no Brasil existem 30 pesquisadores de geociências, sendo 12 na Amazônia e cinco no Amazonas.

Um concurso público, segundo o superintendente, foi realizado em outubro do ano passado para suprir a falta de pesquisadores de geociências no órgão. Dos 55 aprovados, apenas dois foram destacados para trabalhar na Amazônia e, atualmente, exercem pesquisas na bacia do rio Negro, em Manaus. O salário inicial desses profissionais é de R$ 6.500 mil

"A questão toda é que falta pessoal especializado no Brasil. Não é simplesmente pegar os dados e montar o alerta. Não sei responder por que demorou o concurso. Mas precisamos de geólogos para áreas de risco e engenheiros hidrólogos. Pelo menos um em cada unidade", disse Oliveira.

O superintendente disse que um SACE foi implantado no ano passado na bacia do Rio Negro. Mas a falta de profissionais atrasou o cronograma do sistema nas bacias do rios Acre, em Rio Branco (AC) e Branco, em Boa Vista (RR). Cada implantação do SACE custa R$ 200 mil.

Diante da enchente excepcional do Madeira, Marco Oliveira afirmou que o CPRM vai apressar a implantação do SACE em Porto Velho. "A meta do CPRM era instalar o alerta em Porto Velho em 2014. Agora vamos esperar baixar as águas para começar a instalar as estações em Porto Velho", afirmou.

No Brasil, há Sistema de Alerta Contra Enchente implantado pelo CPRM nas bacias dos rios Doce, em Minas Gerais, e Cai, no Rio Grande do Sul.

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