Autoridades recebem Carta da II Marcha dos Povos Indígenas de Roraima

A Carta que expressa à situação de vulnerabilidade e instabilidade dos Direitos dos Povos Indígenas garantidos na Constituição Federal de 1988 foi entregue no segundo momento da Marcha aos órgãos públicos locais, Ministério Público Federal (MPF), Advocacia Geral da União (AGU), Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e Controladoria Geral da União (CGU). A II Marcha dos Povos Indígenas de Roraima ocorreu no último dia 9 de agosto, em Boa Vista, dia em que é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas.

O procurador da República Gustavo Kenner Alcântara, do Ministério Público Federal em Roraima (MPF/RR) recebeu a Carta e ouviu as reivindicações dos representantes indígenas Mário Nicácio, Coordenador Geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR) e Davi Kopenawa Yanomami, Presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY). Davi Kopenawa pediu mais atenção e fiscalização do Ministério Público aos problemas enfrentado pelo povo yanomami, principalmente o garimpo ilegal.

Procurador da República Gustavo Alcântara recebendo a Carta

De acordo com o procurador Gustavo Alcântara, as manifestações indígenas são importantes para contribuir com a ação do Ministério Público de defender os Direitos fundamentais dos povos indígenas, ainda mais no momento atual político de pressão que o Brasil está passando. Diante disso, o procurador firmou compromisso com os povos indígenas de Roraima de acompanhar as ações que competem ao poder federal coibir e fiscalizar. O movimento indígena também protocolou a Carta na Advocacia Geral da União(AGU).

Após passarem pelos órgãos públicos federais, o movimento indígena seguiu para Secretara Especial de Saúde Indígena (SESAI) onde entregaram o documento à Chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena do Leste (DSEI-Leste/RR), Dorotéia Gomes. O documento reivindica que o governo planeje e garanta serviços de assistência a saúde adequados e com qualidade, com equipamentos, postos, medicamentos e profissionais devidamente capacitados, com prioridade para os profissionais indígenas das próprias comunidades, como agentes de saúde, microscopistas, técnicos de enfermagem, laboratório, e profissionais de nível superior.

Lideranças indígenas entregam Carta à Chefe da DSEI-Leste/RR

A última parada do movimento indígena foi na sede da Controladoria Regional da União de Roraima (CGU/RR), onde foram recepcionados pelo chefe da Controladoria Max Túlio Menezes Ribeiro e demais servidores do órgão. A Secretária do Movimento de Mulheres do CIR Telma Marques Taurepang entregou a Carta ao Chefe e pediu apoio da instituição para fiscalizar os recursos destinados as ações de públicas aos povos indígenas de Roraima. O Coordenador da Organização dos Professores Indígenas de Roraima (OPIRR) Rivanildo Fidelis apresentou à situação da Educação Escolar Indígena no Estado. Segundo o Coordenador, as escolas indígenas se encontra em condições precárias, mesmo recebendo verbas públicas federais para aplicar na construção e reformas de escolas. Disse ainda, que a maioria das escolas indígenas são construídas com recurso próprio e com a ajuda das comunidades indígenas.

Participaram da II Marcha, os povos indígenas Macuxi, Wapichana, Taurepang, Patamona, Ye`kuana, Ingaricó, Wai-Wai e Yanomami, as organizações indígenas Conselho Indígena de Roraima (CIR) Conselho do Povo Indígena Ingarikó(COPING) Hutukara Associação Yanomami(HAY) Associação dos Povos Indigenas Wai Wai(APIW), Associação dos Povos Indígenas da Terra São Marcos(APITSM), Associação dos Povos Indígenas de Roraima(APIRR), Associação do Povo Ye'kuana do Brasil(APYB), Organização das Mulheres Indígenas de Roraima(OMIR), Organização dos Professores Indígenas de Roraima(OPIR), Organização dos Índios na Cidade(ODIC) e representantes do movimentos sociais de Roraima.

Para realização da II Marcha, o movimento indígena contou com apoio logístico de instituições e movimentos sociais entre eles, a Fundação Nacional do Índio (Funai), Instituto Insikiran, Programa Nova Cartografia Social da Amazônia(UEA), Instituto Socioambiental(ISA), Diocese de Roraima, Central Única dos Trabalhadores(CUT), Ordem dos Advogados do Brasil(OAB/RR, Prefeitura de Boa Vista e Prefeitura de Uiramutã.

II Marcha dos Povos Indígenas de Roraima reuniu aproximadamente 500 participantes

O movimento indígena de Roraima, após a grande Marcha em defesa da vida e dignidade dos povos indígenas, que percorreu nas principais via do centro de Boa Vista, demonstrou a sociedade local e ao Estado, que de forma persistente busca defender os seus Direitos, reivindica respeito e valorização a grande diversidade cultural do estado de Roraima, e ainda somou as demais mobilizações indígenas no país, que foi às ruas não comemorar o Dia Internacional dos Povos Indígenas, mas reivindicar, repudiar os atos de violência, de discriminação e preconceito contra os povos, repudiar o ato governista que insiste em desrespeitar os direitos garantidos e conquistados ao longo dos 500 anos do Brasil.

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