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Atores apóiam índios de aldeia queimada no Rio

OESP, Metrópole, p. C11
26 de Jul de 2008

Atores apóiam índios de aldeia queimada no Rio
'Eles estão retornando a um espaço da natureza que pertence a eles', disse a atriz Priscila Camargo, sobre área em bairro de Niterói

Clarissa Thomé

Atores como Osmar Prado, Antonio Pitanga e Priscila Camargo estiveram ontem na aldeia indígena destruída por incêndio criminoso no dia 18 de julho na Praia de Camboinhas, em Niterói, Grande Rio. Os artistas participaram de uma manifestação em defesa da permanência dos índios na praia, em uma área que pertence ao Parque Estadual da Serra da Tiririca.

"As autoridades ambientais dizem que não se pode ter ocupação em área de parque. Mas ali não é uma ocupação, os índios estão retornando a um espaço da natureza que pertence a eles", disse Priscila. Os artistas foram recebidos com um coral de crianças guaranis. Eles se comprometeram a voltar para a reinauguração da aldeia.

Vindos de Paraty, os guaranis se instalaram em Camboinhas em abril e, desde então, enfrentam pressão para deixar a região - um dos bairros mais valorizados de Niterói.

Na sexta-feira da semana passada, quando os homens da tribo estavam em uma reunião fora da aldeia, um homem vestido apenas de bermuda foi visto ateando fogo às ocas. Joaquim Karaí Benite, de 43 anos - o único que havia permanecido em Camboinhas, para tomar conta das mulheres e das crianças -, acabou ferido nas costas, ao desmaiar após tentar recuperar documentos em uma oca.

A Polícia Federal do Rio abriu um inquérito para investigar o incêndio criminoso. A investigação foi pedida pelo Ministério Público Federal, por meio da Procuradoria Criminal de Niterói. Até o momento, ninguém foi preso.

O representante da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Paraty e Angra dos Reis, Cristino Cabreira Machado, fez um levantamento dos prejuízos, em conjunto com a Procuradoria Jurídica da Funai, e o enviou à direção do órgão, em Brasília. Ele também pediu um estudo para a demarcação de terras da aldeia.

Desde a semana do incêndio, os índios têm dormido em um galpão, que abrigava um projeto de windsurfe. Eles estão reconstruindo as cinco ocas e a escola indígena destruídas. Eles devem voltar para a aldeia em cerca de uma semana. "Eles estão recebendo apoio de instituições internacionais. É irônico: enquanto aqui querem dizimar o índio, lá fora eles valorizam nossa cultura", disse Priscila.

Apesar do incêndio, o grupo, de pouco menos de 40 índios, quer continuar no local, que abrigava cemitérios indígenas, segundo o cacique Darci Tupã de Oliveira. Ele conta que cerca de 30 índios de Angra dos Reis, 20 de Paraty e um grupo do Espírito Santo querem se juntar a eles. "Vamos ficar aqui, a área é nossa", afirma o cacique, estimando que a aldeia teria direito a uma área de 90 hectares.

OESP, 26/07/2008, Metrópole, p. C11

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