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Atlas aponta aumento do dano à Amazônia

Valor Econômico, Brasil, p. A8.
Autor: CHIARETTI, Daniela
08 de Dez de 2020

Atlas aponta aumento do dano à Amazônia
Levantamento mostra crescimento de atividades danosas à floresta sem perspectiva de reversão
Por Daniela Chiaretti - De São Paulo

Em 2020, foram registrados 4.472 lugares em toda a Amazônia, não só na brasileira, onde se pratica mineração ilegal, e 87% destas áreas estão em fase ativa de exploração. Em 2018, a taxa de desmatamento chegou ao ponto mais alto desde 2003 - sem contar ainda o desempenho de 2019 -, com 31.269 km2 de floresta derrubados. Pelo menos 7% do território amazônico se encontra sob pressão muito alta e 26% enfrenta forte ameaça. Desmatamento, queimadas e garimpos ilegais aumentaram nos últimos oito anos e sinalizam uma tendência sem sinais de reversão.
O diagnóstico preocupante faz parte do "Atlas Amazônia sob Pressão 2020", lançado pelas instituições que compõem a Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada, a Raisg. Trata-se de um consórcio de organizações da sociedade civil dos países amazônicos formado em 2007. Produz conhecimento sobre a região e com dados estatísticos e informações geospaciais, procura observar as ameaças sob toda a floresta amazônica e busca oportunidades para a conservação.
Um dos focos é observar as ameaças nos territórios indígenas e nas áreas protegidas. As vertentes de ameaças são estradas, hidrelétricas, exploração de petróleo e gás, mineração e áreas de garimpos ilegais. Os pesquisadores da Rais estudam ainda a dinâmica do desmatamento, as queimadas e a variação na densidade de carbono na floresta, explica Júlia Jacomini, geógrafa do Instituto SocioAmbiental (Isa). O Isa e o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) são os institutos que participam da Raisg no Brasil.
"A Amazônia se deteriorou nos últimos oito anos, as condições socioambientais da região pioraram muito", diz Júlia Jacomini. Se em 2010, o desmatamento atingiu 17.674 km2 em toda a Amazônia, a área perdida a cada ano triplicou entre 2015 e 2018. As áreas sob maior ameaça estão no Arco de Desmatamento, no Brasil, ou ao pés dos Andes. Áreas protegidas e territórios indígenas funcionam como escudo contra o desmatamento - a maior parte do desmate entre 2000 e 2018 (87,5%) aconteceu fora destas áreas.
Além do desmatamento, entre 2001 e 2019, 13% da chamada Pan Amazônia foi afetada pelo avanço do fogo que queimou 1,1 milhões de km2. Isso equivale a uma área queimada como todo o território da Bolívia.
No caso do garimpo, de todas as zonas de mineração ilegal na Amazônia, 32% se encontram na Venezuela. A extração ilegal de minerais, especialmente ouro, alcança 17% das áreas protegidas da Amazônia e 10% das terras indígenas.
O Atlas mostra que o número de projetos de exploração de petróleo aumentou na região entre 2012 e 2019. As zonas com interesse minerário passaram de 52.974 em 2012 para 84.767 em 2020. Contudo, embora o número de projetos tenha aumentando no papel, ocorreu uma redução de 11% do território ocupado pela atividade em solo.
O Brasil puxa a tendência de degradação da região com as altas taxas de desmatamento dos últimos anos, diz Júlia Jacomini. No caso das queimadas, Brasil e Bolívia são os mais ameaçados. O Equador é o país amazônico onde existe maior exploração petrolífera. A expansão das estradas acontece principalmente na Colômbia e no Peru. Os projetos de hidrelétricas dentro do bioma cresceram 4% no período.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/12/08/atlas-aponta-aumento-…

Valor Econômico, 08/12/2020, Brasil, p. A8.

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