VOLTAR

Ativistas promovem ato denunciando violência contra mulher no Centro de Manaus

A Critica - https://www.acritica.com
Autor: Lucas Motta
08 de Mar de 2025

Neste sábado (8) do Dia Internacional das Mulher, ativistas se concentram no centro de Manaus para reivindicar direitos e denunciar a violência contra o público feminino. Os registros de feminicídios no Amazonas subiram 30% em 2024, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM).

O ato organizado pelo Fórum Permanente das Mulheres de Manaus (FPMM) tem o tema: "O medo não vai nos parar. Mulheres da Amazônia: pela vida e por direitos". Ele foi dividido em duas grandes frentes, a primeira delas é uma caminhada que partiu do Relógio Municipal em direção ao Largo de São Sebastião. No destino final foi preparada uma programação cultural e uma feira de economia solidária com empreendimentos conduzidos por mulheres.

Ato reuniu diversos coletivos que atuam em diversas frentes, mas todas lutando pelos direitos das mulheres

Com faixas, cartazes e canções centenas de mulheres subiram a avenida Eduardo Ribeiro. Uma delas é a vendedora Zélia Guimarães, representante da comunidade católica, que anualmente participa das manifestações do FPMM. Além das reivindicações o fórum também quer celebrar as conquistas que vieram através das lutas de todo o movimento feminista regional.

"Um ato desse da visibilidade para que chame atenção da população para que diga não à matança, aos crimes contra as mulheres", comentou.

Zélia Guimarães, representante da comunidade católica, que anualmente participa das manifestações do FPMM

O fórum conseguiu reunir diversas lideranças de movimentos sociais, entre eles a comunidade indígena representada pela tuxaua apurinã, Rerrê. A líder indígena ressaltou que a violência contra mulheres também é uma mazela que ainda atinge de forma recorrente diversas aldeias, principalmente as que estão mais distantes da atuação do poder público.

O fórum conseguiu reunir diversas lideranças de movimentos sociais, entre eles a comunidade indígena representada pela tuxaua apurinã, Rerrê

"Hoje é um dia simbólico, dia da mulher, mas ao mesmo tempo é uma tristeza pra nós de tanto feminicídio, do que fazem nas nossas aldeias, estupram nossas mulheres, violentam nossas crianças", disse.

Alta nos casos de feminicídio

O ato ocorre especialmente através do simbolismo do Dia Internacional da Mulher, que é historicamente marcado por mobilizações feministas ao redor do mundo.

A manifestação usa a visibilidade da data para expor a necessidade de políticas públicas eficazes contra a violência que subiu 30% no Amazonas entre 2023 e 2024. Os dados da SSP-AM mostram que no ano retrasado houve 23 casos de feminicídio contra 30 no anterior; na capital o índice saiu de 11 para 16 no mesmo período.

Mulheres indígenas também participaram do ato no Centro

Ainda segundo os dados da secretaria, novembro de 2024 foi o mês mais violento tanto para o estado quanto Manaus. Armas brancas foram as mais utilizadas para cometer o crime e as vítimas, em sua maioria, tinham entre 35 e 64 anos. Os dados fortalecem o que diz a Cartografias da Violência na Amazônia, que revelou que o Amazonas possui 6,4 mortes para cada 100 mil mulheres; o que é quase o dobro da média nacional (3,8), segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024.

Uma das coordenadoras do FPMM, Marília Freire, explicou que, frente aos índices alarmantes, é extremamente necessário que os movimentos locais busquem se organizar em um mesmo tom para cobrar por melhorias. Justamente por isso a escolha do tema surgiu de um debate entre 45 movimentos sociais.

"Todo o tipo de mulher está reunido aqui hoje, eu acho que é nessa diversidade que reside a nossa riqueza em lutarmos juntas, existe uma bandeira em comum: lutar pela nossa vida. Mas, todas dialogamos com as pautas umas das outras, individualmente", disse Marília.

Marília Freire, uma das coordenadoras do FPMM,

Fórum Permanente das Mulheres de Manaus

Criado em 2006, o FPMM reúne mais de 40 organizações, coletivos e movimentos sociais que atuam no enfrentamento às violências contra as mulheres, incluindo feminicídio, violência doméstica e obstétrica, além da luta por políticas públicas que atendam às necessidades das mulheres e meninas na região.

O FPMM tem sido fundamental na luta pela implementação e fiscalização de políticas públicas que garantam a segurança e o bem-estar das mulheres. Um dos desafios enfrentados na região amazônica é a dificuldade de acesso aos serviços essenciais, como delegacias especializadas, casas de acolhimento e atendimento médico de qualidade para vítimas de violência.

https://www.acritica.com/politica/ativistas-promovem-ato-denunciando-vi…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.