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Até avião ajuda na despoluição do Tietê

JT, Cidade, p. A18
22 de Set de 2004

Até avião ajuda na despoluição do Tietê
No dia do rio, um dos 20 mais poluídos do País, o governo do Estado mostra que os trabalhos de recuperação já estão em andamento, mas os resultados só devem ser vistos em 2030

Mauro Mug

Um dos 20 rios mais poluídos do País, o Tietê comemora hoje o seu dia, com a esperança de que daqui a 26 anos as suas águas apresentem uma qualidade melhor, mesmo ao atravessar a região metropolitana de São Paulo.
Os resíduos acumulados durante anos no fundo de seu leito vêm sendo retirados, o esgoto já recebe tratamento e a vegetação de suas margens conta com o plantio de árvores. Todos esses trabalhos serão inspecionados hoje pelo governador Geraldo Alckmin, que sobrevoará e navegará um trecho do rio.
"Estamos trabalhando com um cenário de melhoria para 2030", disse o professor José Galizia Tundisi, presidente do Instituto Internacional de Ecologia. "É preciso ter paciência, pois a despoluição do Tâmisa (em Londres, Inglaterra) começou na verdade em 1860 (hoje, é um dos mais limpos do mundo)." Na opinião do professor, a recuperação da vegetação das margens do rio vão funcionar como um filtro, segurando a poluição difusa.
Projeto analisou 90 mil km de rios
Tundisi integra a equipe do piloto Gérard Moss, criador do Projeto Brasil das Águas, que desde outubro de 2003 coletou com seu avião-anfíbio Lake Renegade 912 amostras de águas de rios brasileiros, numa extensão de quase 90 mil quilômetros - distância equivalente a duas voltas em torno da Terra.
No Tietê, foram coletadas cerca de 20 amostras, numa extensão de 600 quilômetros, desde a nascente, na cidade de Salesópolis, na Serra do Mar, até a foz junto ao Rio Paraná. Essas amostras revelaram um rio de quatro fases. A verde, que vai desde a nascente até a área urbana da Grande São Paulo, apresenta águas razoavelmente protegidas, para se transformar totalmente degradada até a cidade de Itu, onde o rio ainda sofre com impactos causados na metrópole. Nesse trecho, o nível de oxigênio do Tietê varia de zero a 2 mililitros por litro de água, nível incapaz de sustentar a vida aquática.
A partir da barragem de Barra Bonita, a falta de tratamento do esgoto, o vinhoto resultante do processamento da cana-de-açúcar e o mau uso do solo são os responsáveis pela sua poluição. Após a barragem de Promissão, o rio começa a se recuperar, com seu índice de oxigenação subindo para 7 e 8 mililitros por litro de água. Um pouco antes de desembocar no Rio Paraná, chega à fase azul.

JT, 22/09/2004, Cidade, p. A18

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