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21 de Set de 2023
Associação cobra investigação sobre indígenas amarrados por garimpeiros na Terra Yanomami
Imagens recebidas pela Hutukara Associação Yanomami mostram três indígenas amarrados em uma viga de madeira, em um barracão, na região de Hokoma. Caso foi reportado aos órgãos de investigação.
Por Yara Ramalho, Marcelo Marques, g1 RR e Rede Amazônica - Boa Vista
21/09/2023
A Hutukara Associação Yanomami (HAY) cobrou, em ofício, investigação sobre o vídeo que mostra indígenas Yanomami amarrados por garimpeiros ilegais em um acampamento dentro do território da etnia. A associação diz que são, ao menos, três crianças amarradas, com os braços presos por cordas, em uma viga de madeira (assista acima). A denúncia foi feita na quarta-feira (20).
No vídeo, que foi gravado por um dos garimpeiros, é possível ver que os indígenas estão em um acampamento montado no meio da floresta. Durante a ação, um dos garimpeiros pede para que "tragam os mokaua [armas]" para o barracão.
O pedido de investigação é endereçado ao Ministério dos Povos Indígenas (MPI), à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Polícia Federal, Ibama, 1ª Brigada de Infantaria de Selva do Exército Brasileiro e Ministério Público Federal (MPF) em Roraima. O g1 tentou contato com as instituições e aguarda o retorno.
No ofício, a associação relatou que o caso aconteceu nas proximidades da pista da Bateia, na região de Surucucu. Os indígenas são da região do Hakoma, onde há a presença de garimpeiros e altos níveis de contaminação por mercúrio.
Os vídeos foram enviados à associação por indígenas de Papiu, região da Terra Indígena Yanomami onde há acesso à internet, na terça-feira (19). Ainda não se sabe quando as imagens foram gravadas e o que aconteceu com os indígenas, que não tiveram as idades informadas.
"Como se trata de uma região com dificuldade de comunicação, não foi possível averiguar qual foi o desfecho da situação, tampouco reunir mais detalhes de data e localização. No entanto, a gravidade do incidente exige uma resposta rápida por parte das forças de segurança", diz trecho do documento.
À Rede Amazônica, o vice-presidente da HAY, Dário Kopenawa, disse que a situação é muito grave e a violência no território é brutal. Ele assinou a denúncia e cobrou que as autoridades apurem urgentemente o caso.
"As crianças estão correndo risco nessa região onde os garimpeiros as amarraram. Estamos muito preocupados. Autoridades como a Polícia Federal, MPI, Funai, Exército e Ministério Público, queremos apuração urgentemente. A violência grave está acontecendo na Terra Yanomami", disse Kopenawa.
Por meio do ofício, Dário ainda pediu que as autoridades competentes "realizem operações de resposta rápida e proteção territorial" na Terra Indígena Yanomami, principalmente na região de Hakoma.
Ele solicitou que a Hutukara seja comunicada sobre as providências tomadas pelos órgãos oficiados dentro de 30 dias, independentemente da resolução da demanda, para que possam informar as comunidades indígenas.
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