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Assessora de Ana Júlia terá sigilo quebrado

OESP, Nacional, p. A10
01 de Jul de 2005

Assessora de Ana Júlia terá sigilo quebrado

Expedito Filho

A CPI da Biopirataria vai quebrar o sigilo bancário de Maria Joana de Rocha Pessoa, assessora da senadora Ana Júlia Carepa (PT-PA). Jô, como é conhecida, foi acusada de movimentar caixa 2 - conta 112.688-6, agência 028, do Unibanco - que teria arrecadado até R$ 2 milhões para a campanha da senadora à prefeitura de Belém.
A acusação foi feita durante sessão secreta da CPI pelo presidente do Sindicato dos Reflorestadores (Sindfloresta) do Pará, Mario Rubens de Sousa Rodrigues.
Rodrigues assegurou que o gerente-executivo do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Belém, Marcilio de Abreu Monteiro, ex-marido e apadrinhado da senadora, cobrou propina de madeireiros de junho de 2003 a outubro de 2004. "Não era doação, mas propina mesmo", definiu o advogado de Rodrigues, Ismael de Moraes.
"Nenhuma pessoa estava autorizada a receber qualquer centavo que não fosse na minha conta eleitoral", rebateu Ana Júlia.
Doações
De acordo com parlamentares da CPI, a senadora recebeu legalmente na campanha R$ 430 mil de madeireiros - em troca de uma suposta promessa de permitir o desmatamento da floresta amazônica. Por não ter cumprido a sua parte, teria sofrido ameaças de morte.
A senadora petista reconhece que arrecadou até R$ 335,7 mil, mas nega que tenha assumido qualquer compromisso com madeireiros.
Nas contas apresentadas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), ela não contabiliza uma doação de R$ 100 mil feita pela Usimar Ltda., em agosto de 2004. Na lista apresentada, as doações não passam do teto de R$ 20 mil.
De acordo com um parlamentar da CPI, a senadora acabou ameaçada por não ter cumprido o que prometeu aos madeireiros. Na tarde de 17 de junho, ela recebeu um telefonema com uma ameaça. A senadora desconfia que a ligação tenha sido feita pelo próprio Rodrigues.
Na dúvida, Ana Julia alertou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que destacou a polícia do Senado para estudar a melhor forma de oferecer proteção à senadora. "Ainda não sabemos o que fazer, porque as ameaças vieram de um telefone de prefixo de Belém", ressaltou a senadora.
A CPI vai investigar também um caso envolvendo o ex-senador Ademir Andrade (PSB-PA), hoje presidente das Docas de Belém. Ele foi multado em R$ 270 mil pela queima de 180 hectares de castanhais, mas teve a multa zerada. O Ibama alega, no entanto, insiste que a punição não foi anulada e o caso ainda está em tramitação.

OESP, 01/07/2005, Nacional, p. A10

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