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Assembléia Ashaninka discute combate a madeireiros na fronteira do Brasil-Peru

Ibama
Autor: Sandra Sato
17 de Fev de 2005

Assembléia discute combate a madeireiros clandestinos na fronteira do Brasil com o Peru

O impacto da ação de madeireiras clandestinas em terra
dos índios Ashaninka, próxima ao município Marechal Thaumaturgo (AC) na
fronteira do Brasil com o Peru, será discutido em audiência pública nesta
sexta-feira e sábado.

Operação do Ibama com a Polícia Federal, realizada no final do ano
passado, resultou na prisão de 37 madeireiros, a maioria peruanos, e na
destruição de 10 mil metros cúblicos de mogno e madeiras nobres
encontrados serrados na floresta.

Os Ashaninka vem denunciando a autoridades públicas as invasões de
madeireiros em suas terras, desde 1999. A situação, entretanto, agravou-se
nos últimos anos. Para discutir ações e agenda comum, autoridades,
lideranças políticas locais, representantes do Ibama, PF e Exército, Funai
e organizações da sociedade civil participarão da reunião pública.

O governador do Acre, Jorge Viana, confirmou presença. O diretor
substituto de Proteção Ambiental, Kleber Alves, e o assessor internacional
Marco Antônio Camparelli representarão o Ibama. O presidente da Associação
Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa), Benki Piyãko Ashaninka, o cacique
Antônio Piyãko e o pajé Aricêmio são anfitriões da Reunião de Mobilização
de Soluções Conjuntas para a Proteção da Faixa de Fronteira Brasil-Peru.

Denúncia dos índios - Em recente carta às autoridades brasileiras, a
comunidade Apitwtxa alerta para o grande impacto das invasões de
madeireiros sobre os recursos naturais e culturais do seu povo: "as
invasões têm colocado toda a comunidade em estado de alerta, tensão,
insegurança e medo".

Os Ashaninka narram que continuam ouvindo barulho de motos-serra próximo
ao marco 42, na fronteira com o Peru. Contam ainda que receberam de índio
morador daquele país informação de que "madeireiros estariam juntando-se a
terroristas e traficantes para atacar a aldeia e matar lideranças da
Apitwtxa".

Entre outubro e novembro passado, Benki recebeu duas ameaças de morte. Na
segunda vez, quando saia da aldeia para ir a Brasília receber o Prêmio
Nacional de Direitos Humanos, Benki foi abordado por seis desconhecidos
que ameaçaram matá-lo caso continuasse denunciando as extrações ilegais de
madeira.

A comunidade espera por ajuda das autoridades, mas também avisa que está
preparada para defender os direitos do seu povo. "Como já declaramos
várias vezes, queremos que tudo seja resolvido de forma pacífica, mas se
estivermos em risco e nada for feito, nós vamos matar e morrer lutando
pelo nosso povo e pelos nossos direitos", prometem os Ashaninka na carta
aberta às instituições brasileiras.

Beto Ricardo

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