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Assassino de freira é condenado a 27 anos de prisão

OESP, Nacional, p. A15
11 de Dez de 2005

Assassino de freira é condenado a 27 anos de prisão
Clodoaldo Batista, que acompanhava Rayfran Sales no momento do crime, pegou pena de 17 anos de cadeia

Roldão Arruda

Justiça do Pará condenou ontem à noite Rayfran das Neves Sales a 27 anos de prisão pelo assassinato da missionária americana Dorothy Stang. Clodoaldo Carlos Batista, que acompanhava Rayfran no momento do crime, foi condenado a 17 anos de cadeia. A defesa de Rayfran avisou que vai recorrer da sentença.
A freira foi morta com seis tiros em 12 de fevereiro último em um acampamento de trabalhadores rurais, a 50 quilômetros de Anapu, no sudoeste do Pará.
Logo após o juiz Cláudio Montalvão das Neves, titular da 2.ª Vara Penal do Tribunal do Júri, ter anunciado o resultado da sentença, o irmão da missionária, David Stang, que permaneceu no tribunal durante os dois dias do julgamento, comentou: "Esse é um grande dia, é um grande começo para a família Stang. Nós vamos voltar aqui para acompanhar cada um dos próximos julgamentos."
David e a sua irmã, Margarida, fizeram vários elogios à Justiça do Pará, que, segundo eles, teria prestado um grande serviço não só à família, mas também aos pobres de Anapu que eram defendidos por Dorothy.
O júri rejeitou todas as teses da defesa, incluindo a de que não houve recompensa financeira para a execução. Isso foi comemorado pelas entidades de defesa de direitos humanos, pois facilita o caminho para o julgamento dos fazendeiros acusados de serem os mandantes do crime: Regivaldo Pereira Galvão, Vitalmiro Bastos Moura e Amair Feijoli da Cunha. Eles estão presos, mas só devem ir a julgamento no ano que vem.
RÉPLICAS
O julgamento de Rayfran e Clodoaldo - que começou na sexta-feira às 8h40 e prosseguiu até as 19h30 - foi reiniciado ontem de manhã com as alegações finais do promotor de Justiça Edson de Souza. Logo no início de sua intervenção, ele deixou clara a intenção de pedir pena máxima para os dois - 30 anos -, o que acabou fazendo mais tarde.
De acordo com o promotor, foi um homicídio qualificado - planejado, mediante promessa de pagamento, e no qual a vítima não teve nenhuma chance de defesa.
Durante o dia houve intervenções e réplicas da promotoria e da defesa. Depois disso, os integrantes do júri se reuniram e o resultado foi anunciado pouco antes das 20 horas.
Uma das principais preocupações do promotor Souza foi tentar derrubar a tese da defesa de que Clodoaldo teria tido uma pequena participação no crime e até procurou demover Rayfran do intento.
Segundo a tese do promotor, Clodoaldo teve participação direta no crime. "A arte de matar está no Rayfran, mas a arte de conceber o crime intelectualmente está neste outro homem aqui", completou, apontando para Clodoaldo, que, à frente dele e de costas para o júri, ouvia de cabeça abaixada.

OESP, 11/12/2005, Nacional, p. A15

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