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Assassinatos de índios crescem 62%, revela estudo

OESP, Nacional, p. A10
11 de Abr de 2008

Assassinatos de índios crescem 62%, revela estudo

Tatiana Fávaro

O número de índios assassinados no Brasil aumentou de 57 em 2006 para 92 no ano passado, um crescimento de 62%, como aponta o relatório Violência contra os povos indígenas. O documento foi divulgado ontem pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no penúltimo dia da 46ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Indaiatuba, interior de São Paulo.

O número é o maior desde 1988, quando o Cimi começou a fazer levantamentos anuais. O Estado de Mato Grosso do Sul tem sido o local com maior registro de casos: 53 assassinatos em 2007 - 99% maior que em 2006, quando 27 índios foram mortos. O relatório também chama a atenção para a situação no Maranhão, onde ocorreram dez assassinatos, e em Pernambuco, com sete homicídios.

"Os dados mostram que um verdadeiro genocídio continua em curso no Mato Grosso do Sul: maior número de vítimas de assassinato, tentativas de assassinato e suicídios; índices ainda altos de desnutrição, mortalidade infantil, alcoolismo e toda sorte de agressões e ameaças", afirma a antropóloga Lúcia Helena Rangel, PUC-SP e coordenadora do estudo.

Das ocorrências em 2006, o Cimi aponta que 11 foram praticadas por não-indígenas. Os meios utilizados foram armas de fogo (em 12 casos), armas brancas como facas, canivetes, facões (28 casos) e outros meios como pedaços de madeira, ferro, espancamentos ou meios desconhecidos. Em 2007, predomina o uso de armas brancas: são 42 casos cometidos com faca, facão ou foice, 24 assassinatos por arma de fogo e outros por espancamentos e estrangulamentos.

O relatório destaca ainda as ocorrências na Bahia, onde em 2004 e 2005 não houve registro de assassinatos e, em 2006, cinco casos foram registrados.

Segundo avaliação do antropólogo Ricardo Verdum, publicada no relatório do Cimi, o período de 2003 a 2006 foi marcado pela dificuldade de articulação e coordenação intersetorial sobretudo da Fundação Nacional do Índio (Funai). Para o bispo da Prelazia do Xingu (PA) e presidente do Cimi, dom Erwin Kräutler, a violência contra os índios está diretamente ligada à disputa de terras. "Os índios são encurralados numa área diminuta e não têm condição de sobreviver ou esta terra está sendo roubada", afirmou.

Procurada, Funai informou que comentaria o estudo hoje.

OESP, 11/04/2008, Nacional, p. A10

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