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Ashaninkas soltam tracajás no rio Moa

O Rio Branco-Rio Branco-AC
Autor: (Ana Sales)
08 de Dez de 2004

Os índios Ashaninkas realizam hoje uma soltura simbólica de tracajás no rio Moa, resultado do primeiro ano de manejo das praias de desova.

Serão lançados nas águas do rio cerca de mil filhotes que já apresentam o casco duro, o que lhes permite resistir às investidas dos seus principais predadores. A técnica Silvana Lessa, que já pesquisa os quelônios na região há anos, afirma tratar-se de um grande avanço, uma vez que os ovos passam cerca de nove meses em incubação e os animais têm sua carne e ovos muito apreciados pelos indígenas do Acre.

A prática de manejo de quelônios desenvolvida no Acre vem chamando a atenção de pesquisadores de outras localidades da Amazônia. O pesquisador Richard Vogt, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), encontra-se no Acre, interessado em desenvolver assessoria de manejo de quelônios para facilitar a produção para consumo interno. Nas duas últimas décadas, a estimativa é que entre dois a três milhões de filhotes já tenham sido devolvidos ao meio ambiente em toda a Amazônia.

Desde 1989 pesquisando os diferentes répteis e anfíbios do região, Vogt fala ser importante ter cuidados não somente com a praia de postura mas com a ampliação à preservação para todo o habitat do animal. Um dos cuidados a ser tomado é quanto ao controle de temperatura no período de incubação para determinação do sexo dos filhotes. "Temperatura média de 25o Celsius determina o nascimento de machos, já 32oC determina o nascimento de fêmeas". O pesquisador diz ser importante manter o equilíbrio de populações por sexo, como forma de garantir a reprodução dos quelônios.

Vogt vai visitar 11 comunidades indígenas, cinco comunidades de populações tradicionais e seis criadores de médio e grande porte de quelônios do Acre. Através de um manejo bem feito, o pesquisador do Inpa acredita ser possível garantir o abastecimento das diversas comunidades tradicionais, bem como das cidades amazônidas que tanto apreciam a carne de tartarugas, tracajás e jabutis. Um dos fatores positivos é o fato de a Amazônia brasileira não possuir nenhum exemplar de réptil ou anfíbio incluído na relação de risco de extinção.

O trabalho de 25 anos do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), preservando os tabuleiros e criatórios de quelônios, segundo Vogt, contribui para esses dados positivos. Em países vizinhos como Peru, Venezuela, Colômbia, Bolívia e Equador, os quelônios já estão na lista de risco de extinção. "Sabendo controlar a grande procura do homem, a Amazônia tem espaço e alimento suficiente para garantir a preservação destas espécies".

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