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Árvores para reduzir a poluição dos carros

OESP, Economia, p. B16
13 de Dez de 2006

Árvores para reduzir a poluição dos carros
Fabricantes e revendas compram mudas para combater emissões

Andrea Vialli, Cleide Silva

Com as vendas de carros se aproximando dos 2 milhões de unidades este ano, a indústria automobilística e as revendas começam a se mobilizar para amenizar os efeitos da poluição gerada pelos automóveis. A concessionária Primo Rossi lança amanhã o Programa Carro Limpo, em que se compromete a bancar parte do plantio de árvores necessárias para neutralizar a emissão de carbono de cada carro vendido pela loja no bairro da Mooca, em São Paulo.

A campanha doará R$ 60 por carro vendido para a compra de seis mudas de árvores nativas, que serão cultivadas e plantadas pela Fundação SOS Mata Atlântica. O valor inclui o acompanhamento do plantio por técnicos num período de cinco anos. O diretor da revenda, Vittorio Rossi Junior, calcula que, em um ano, serão plantadas no mínimo 10,8 mil mudas.

No início do mês, o ABN Amro-Aymoré Financiamentos organizou um feirão com 5 mil carros, em São Paulo, e também assumiu o plantio de 5 mil árvores para amenizar os efeitos do CO2 que esses veículos vão emitir a cada mil quilômetros rodados. A Volkswagen Caminhões, pioneira em programa desse tipo, já plantou, em dois anos, cerca de 200 mil árvores nativas em Resende (RJ), onde está a fábrica do grupo, e em cidades vizinhas.

As três iniciativas têm parceria com a SOS Mata Atlântica, que coordena o plantio em áreas de reflorestamento e mananciais. Diante do alto nível de poluição dos veículos, a tendência é de iniciativas parecidas se ampliarem. Desde 1990, as emissões de gás carbônico cresceram 25%. 'O interesse das empresas em neutralizar suas emissões de carbono na atmosfera cresce consideravelmente', diz Adauto Basílio, diretor de captação de recursos da SOS Mata Atlântica. 'As empresas ganham com isso, pois passam uma postura de responsabilidade em relação às mudanças climáticas e isso agrega valor à imagem delas.'

A campanha da Primo Rossi busca envolver os consumidores. 'Nós bancamos metade do custo do plantio e convidamos o cliente a pagar a outra metade', diz Rossi. 'Se os consumidores não participarem, só da nossa parte devem ser plantadas 10,8 mil mudas. Se a maioria participar, o número pode passar de 20 mil em um ano', calcula Rossi. O cliente poderá ainda acompanhar o desenvolvimento das árvores pelo site da empresa. Todo o projeto será auditado pela PricewaterhouseCoopers.

O programa da Volks Caminhões, iniciado em 2005, é todo bancado pela montadora, que até agora doou cerca de R$ 1 milhão à SOS Mata Atlântica. As mudas são cultivadas por jovens em viveiros na própria cidade de Resende e depois plantadas em áreas da região.

Selo

Além do plantio de árvores, a neutralização do gás carbônico pode ser feita por meio do emprego de energias mais limpas. Essa conta é feita por meio de uma ferramenta científica, reconhecida internacionalmente. 'Desde o início da década de 90 vinha se estudando um mecanismo de mercado para estimular as empresas a combater o aquecimento global', explica Eduardo Petit, diretor de marketing da Maxambiental, consultoria na área de meio ambiente, que oferece o serviço às companhias brasileiras. A empresa criou um selo, o Carbono Neutro, para ser conferido às empresas que neutralizam suas emissões de gás carbônico.

Essa onda é nova no Brasil, mas acompanha uma tendência mundial. Entre as empresas que já aderiram estão bancos como Bradesco e ABN Amro Real, rádios, como Alpha FM e 89 FM, o portal de internet IG, a produtora Bossa Nova Filmes e a gráfica Burti.

Lá fora, já é ampla a adesão das empresas, como os grupos financeiros HSBC e JP Morgan Chase, a aérea British Airways e as montadoras Honda, Toyota e Mazda. 'No Japão, os carros já saem de fábrica com a neutralização de todo o seu processo de produção', diz Petit. A Copa do Mundo da Alemanha também foi exemplo de evento neutro em emissão de carbono.

OESP, 13/12/2006, Economia, p. B16

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