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Articulação nas aldeias indígenas define planejamento de atividades de formação e incidência política

Cimi https://cimi.org.br/
18 de Set de 2018

"Articular é unir diferentes partes de um corpo para um bom funcionamento do organismo". Foi com esse espírito de união e organização que aconteceram, nos dias 28 e 29 de agosto, e também no dia 5 de setembro, em Itamarati/AM, a articulação nas aldeias dos povos integram o projeto "Garantindo a defesa de direitos e a cidadania dos povos indígenas do médio rio Solimões e afluentes". O projeto é realizado pela Cáritas da Prelazia de Tefé e Conselho Indigenista Missionário (CIMI-Tefé), e financiado pela União Europeia e CAFOD, Agência Católica para o Desenvolvimento Internacional.

Segundo o educador e missionário do Cimi há mais de 10 anos, Fábio Pereira, a viagem até as comunidades e aldeias é cansativa, mas recheada de emoção. "Apesar da longa jornada temos nossas recompensas ao receber um abraço e um 'sorrisão' de boas-vindas de um povo simples, animado e acolhedor, que sabe partilhar aquilo que tem no seu jeito de ser indígena".

"Mesmo com o histórico de violência e exploração, os povos Deni e Kanamari desfrutam hoje de uma terra demarcada e protegida por lei, rica de fauna e flora".

Para Fabio, várias violações dos direitos indígenas foram diagnosticadas nas últimas décadas. "mesmo com o histórico de violência e exploração, os povos Deni e Kanamari desfrutam hoje de uma terra demarcada e protegida por lei, rica de fauna e flora, que é de onde tiram seu sustento". O missionário ressalta, ainda, que a realidade de violação de direitos diagnosticada pelas equipes do CIMI ao longo dos anos são registradas, documentadas e entregues aos órgãos competentes por meio das atividades de incidência política apoiadas pelo projeto.

O mês de agosto foi destinado para essas viagens de articulação e o percurso foi traçado conforme a localização das aldeias ao longo do rio Xeruã, em Itamarati (AM): aldeias Morada Nova, Boiador, Terra Nova, Itaúba, Santa Luzia, Flexal e São João do Curabi, dos povos Deni e Kanamari. A equipe que seguiu para essa atividade é formada pelos educadores Fábio Pereira, Francisco Amaral e Raimundo Francisco.

"Para os indígenas, que recebem a equipe na comunidade, a chegada dos companheiros é motivo de festa, muito estudo e planejamento".

Os assuntos compartilhados durante a articulação foram o planejamento e calendário das atividades do 3o ano, entre eles a última etapa da Oficina Político-jurídica, e outros assuntos de interesse das comunidades, como o sucesso do manejo do pirarucu do povo Deni, apoiado pela parceira OPAN (Operação Amazônia Nativa); o cenário das eleições para o poder executivo e legislativo no Brasil e as candidaturas indígenas; a etapa local da 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena; Assembleia da ASPODEX (Associação dos Povos Deni do Rio Xeruã); Festejo de 60 anos da paróquia São Benedito em Itamarati; 5ª Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base da Prelazia de Tefé e, por fim, as informações do Boletim Huhuride no 5, que traz o trabalho realizado no ano 2 do projeto.

Foram dias de andanças, conversas, risos, animação, mas muita seriedade para acertar os calendários das atividades do ano 3 e, nelas, poder reunir e unir os indígenas em defesa dos seus direitos, seu território e suas vidas. Para a equipe, os momentos passados na aldeia vão além do trabalho. São momentos de (re)encontro, partilha, alegria, confraternização e construção de conhecimentos. Para os indígenas, que recebem a equipe lá no porto da comunidade, "a chegada dos companheiros é motivo de festa, muito estudo e planejamento", como diz o tuxaua da aldeia Flexal, Marawe Juracir Kanamari.

Ao final do dia, "quando o sol vai saindo de cena e a lua vai tomando sua posição lá no céu", diz Fábio, "a imagem que fica na mente e no coração é um leve contraste das pessoas e da natureza embrenhando-se um no outro".

https://cimi.org.br/2018/09/articulacao-nas-aldeias-indigenas-define-pl…

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