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Arte indígena na cerâmica ensinada em oficina

Página 20-Rio Branco-AC
Autor: Andréa Zílio
03 de Nov de 2004

Índia Nazeli Kaxinawá, mestra na arte feita em cerâmica, conhecimento que herdou dos pais e avós, dará oficina no Espaço Terapêutico

Os desenhos nas formas criadas em argila representam mais que um artesanato. São gravuras indígenas que simbolizam a cultura de um povo, sua história e crença. Todo esse conhecimento que atravessa gerações, sendo passado de pai para filho, será ensinado a interessados, em uma oficina ministrada pela índia Nazeli Kaxinawá, que acontece no período de 3 a 6, no Espaço Terapêutico Psicologia, Educação e Arte, em Rio Branco.

Com pouco domínio da língua portuguesa, a índia Nazeli terá como principal ferramenta de diálogo com os participantes da oficina suas mãos, que ensinarão todos os passos para se fazer as peças de cerâmica.

Da terra indígena Kaxinawá do Carapanã, Nazeli está em Rio Branco por motivos familiares. Longe de sua terra, seu roçado, onde mantém sua sobrevivência, as pessoas que organizam a oficina dizem que é uma forma também de ela se manter enquanto estiver na cidade e uma valorização da arte que faz.

O curso acontecerá por três dias, no horário da 19 às 21 horas. Mais que ensinar a fazer as peças, Nazeli mostrará o valor cultural da confecção delas, a crença que há a respeito das gravuras e como é o ritual para a extração da argila.

Uma cultura a ser valorizada

Por trás da organização da oficina de cerâmica, está a professora de educação indígena e integrante do quadro de funcionários da Comissão Pró-Índio (CPI), Dede Maia.

Ela conta que em 1978, o Estado começou os primeiros passos no trabalho de educação indígena. As ações foram voltadas também à valorização da cultura das diferentes etnias. "O Terri Aquino me deu a oportunidade junto a outras pessoas, de conhecermos a cultura do índio. Em 1983, essa semente, plantada apenas nos Kaxinawás do Jordão e do Humaitá, começou a ficar mais forte e cresceu, ampliando-se a outros temas e lugares", diz Dede.

Em 2000, a professora conta que a cultura indígena deixou de ser apenas um artesanato e foi apresentada como arte no Museu do Folclore no Rio de Janeiro. E pela primeira vez foi realizada a oficina de cerâmica, também levada aos estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Quem ensinou sua cultura foi Erondina Kaxinawá.

O conhecimento de seu povo

Apesar de o trabalho todo estar sendo desenvolvido no Acre, Dede diz que havia essa lacuna da oficina, que não tinha sido feita aqui. Agora as pessoas terão oportunidade de fazer isso com uma mestra no assunto. Para organizar a oficina, ela teve a ajuda da amiga e ex-funcionária da CPI, Patrícia Coube, que cedeu o Espaço Terapêutico Psicologia, Educação e Arte, localizado na travessa Ipase, 76, no Centro.

Patrícia conta que o lugar possui massagem indígena, fonoaudiologia, psicoterapia individual e em grupo. Serviços que atendem crianças e adultos e possibilitar a oficina, é uma honra a ela, que também tem conhecimento e respeito por tal cultura. "É um prazer abrir esse espaço para a cultura desse povo que gosto e admiro muito. E o trabalho com barro é também terapêutico", comenta.

Quem deseja participar da oficina de cerâmica, ela terá um custo de R$ 120, com possibilidade de pagamento parcelado em cheque. Os telefones para informações e inscrições são: 223-5254 e 9995-5984.

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