Arte e coragem: mulheres que transformam o mundo com sua obra

Ampliando vozes, desafiando estereótipos e empoderando gerações: as mulheres artistas do Norte são verdadeiras forças da natureza. Neste sábado (8), Dia Internacional da Mulher, celebramos a criatividade, a resiliência e a determinação dessas mulheres talentosas. Nesta matéria especial, vamos mergulhar nas histórias inspiradoras de artistas locais que encontraram na arte uma fonte de força, superação e empoderamento.

Para a artista indígena Thais Kokama, a arte e a cultura sempre foram um refúgio e uma força na sua trajetória.

"Um momento marcante foi quando percebi que muitos dos nossos parentes tinham receio de se pintar na cidade, com medo do preconceito, dos olhares discriminatórios ou até mesmo de sofrerem violência apenas por expressarem sua identidade indígena - seja pela pintura, pelos acessórios ou pelo modo de falar. Nesse período, a arte me deu voz e me permitiu reafirmar minha identidade e resistência. Através dela, encontrei força para seguir e inspiração para empoderar outras mulheres indígenas".

A arte e a cultura que produz são ferramentas de luta e valorização da sua ancestralidade. Elas ajudam a romper silenciamentos e mostram que as mulheres indígenas estão presentes, ativas e produzindo suas próprias narrativas.

"Meu trabalho busca não só fortalecer a autoestima das mulheres, mas também abrir caminhos para que elas se reconheçam como protagonistas de suas histórias. Quero que minha arte transmita força, pertencimento e esperança", conclui Kokama

Sandra Godinho luta pela igualdade de direitos

A luta contínua pela igualdade

Para a escritora Sandra Godinho, a data simboliza a luta contínua das mulheres por igualdade de direitos, especialmente diante do aumento de feminicídios e misoginia.

"8 de março não é uma data qualquer e, por mais que se tenha dito que o Dia da Mulher é todo dia ou que é o dia que ela quiser, de fato, ela simboliza que a luta das mulheres para a igualdade de direitos entre os gêneros ainda se faz necessária, especialmente diante do aumento do número de feminicídios ou da descoberta recente, dentro do nosso meio editorial, de um clube misógino de escritores renomados. Resta-nos a constatação de que há ainda muito a fazer", declara.

"Muito temos ouvido sobre como a arte cura ou salva, o que corroboro graças a experiência que eu própria vivenciei, depois de passar um longo tempo abdicando da carreira e dos estudos para me dedicar e apoiar meu marido e meus filhos em seus próprios projetos pessoais e profissionais. Com os filhos criados, voltei a estudar, conquistei uma graduação e mestrado tardios que me fizeram acreditar no meu potencial como escritora. Desde então, tenho escrito inúmeros livros de temáticas variadas, Então, sim, tenho encontrado minha voz como mulher e como profissional através da escrita, da arte, da cultura, das letras, que me fazem refletir - através das minhas personagens - sobre a vida. E que me faz esperançar um mundo onde mulheres e homens tenham os mesmos direitos e também tenham respeitadas suas conquistas de modo justo e imparcial, sem boicotes misóginos", finaliza.

Isabela Catão é uma talentosa atriz amazonense que tem ganhado destaque em suas atuações

Superando desafios

Isabela Catão é uma talentosa atriz amazonense que tem se destacado em suas atuações. A artista fala sobre a importância de compartilhar experiências e conhecimentos com os outros. Ao fazer isso, ela se sente fortalecida e mais segura para superar desafios em sua carreira.

"Toda vez que eu divido um pouco da minha experiência com as pessoas, seja numa oficina, seja num workshop, eu sinto que, sempre que eu compartilho algum caminho que me ajuda como atriz, isso me ajuda e me ajudou a ultrapassar desafios e obstáculos ao longo da minha trajetória", diz ela.

"Às vezes, a gente acredita que o nosso trabalho é só sobre a gente ou é para gente, quando, na verdade, quanto mais você divide suas vivências e ouve as pessoas, partilhando também das experiências delas, você acaba se fortalecendo. Todas as vezes em que eu me senti insegura, de alguma forma, todas as vezes que eu fui fazer oficinas e realizar workshops relacionados à atuação, eu me senti muito mais fortalecida para continuar", acrescenta a artista.

Malena lança o single 'Madalena' neste sábado (8)

Jornada de autoconhecimento

Malena é uma cantora pop trans que utiliza sua arte para reivindicar espaço e promover reflexão sobre mulheridade, representatividade e identidade de gênero. Para Malena, a arte e a cultura desempenharam um papel fundamental em sua jornada de autoconhecimento e empoderamento.

"Foi um processo muito desafiador, porque a arte faz isso conosco, né? Ela nos faz refletir sobre nós mesmos, expandindo nossa autoconsciência e nossa própria consciência de quem somos. Esse foi o processo pelo qual eu passei. À medida que eu fazia aulas de dança, por exemplo, eu me percebia dançando de um jeito muito feminino, porque é instintivo meu, é da minha natureza. Mas, ao mesmo tempo, existia esse bloqueio estrutural, esse 'chip' que me foi imposto. Então, me livrar desse 'chip' foi um grande desafio, um duelo mental, um conflito interno", recorda.

"No entanto, quanto mais espaço eu dava para a performance, para a música, para os textos, para a literatura feminina, para os filmes, mais eu sentia que aquilo me influenciava, e eu me encontrava e me satisfazia. Foi lindo perceber que minha saúde mental melhorou drasticamente. Até aquele ponto da pandemia, antes de 2020, eu estava num quadro depressivo muito forte. Então, perceber que a influência da arte, que me reconectou com minha essência infantil, com minha essência criativa e feminina, foi capaz de transformar minha auto percepção e, consequentemente, minha saúde", complementa Malena, que lança nesta data seu mais novo single, 'Madalena', em todas as plataformas digitais.

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