Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
06 de Ago de 2002
O embate que ocorreu no início da semana passada entre a Funai (Fundação Nacional do Índio), os agentes do Programa de Meio Ambiente da reserva de São Marcos e a comunidade do Surumu, incluindo os arrozeiros, gerou um abaixo-assinado por parte da população contra o órgão indigenista. Eles consideram um abuso a Funai intervir nas ações que beneficiam também os índios.
As assinaturas ainda estão sendo colhidas e o documento deverá ser entregue esta semana ao Ministério Público Federal (MPF) e à Procuradoria Geral do Estado pedindo providências contra os supostos abusos da Funai. O conflito ocorreu porque a comunidade do Surumu resolveu recuperar a RR-205, que está intrafegável, prejudicando dessa forma as pessoas que moram na região.
Segundo o arrozeiro Paulo César Quartiero, os moradores pediram dele a máquina para resolver por contra própria a situação da estrada. "Essa máquina é apenas um 'quebra-galho' porque a estrada está intransitável e até os agentes de saúde não podem mais chegar às comunidades indígenas", disse.
Conforme contou, quando começaram a obra a Funai, junto com os coordenadores do Programa São Marcos, mandaram paralisar os serviços. "Acho errado e acredito que a Funai não tem competência para mandar parar a recuperação de uma estrada que é vital para o pessoal da região", criticou.
Quartiero entende que é obrigação do governo recuperar a rodovia estadual, mas enquanto isso não acontece, disse que não vê empecilho os moradores fazerem o serviço. Por conta do conflito, o arrozeiro contou que mais de mil pessoas conversaram com os tuxauas de São Marcos e com a Prefeitura de Pacaraima para resolver a situação.
"Como os tuxauas reclamaram que a comunidade não avisou que iria recuperar a estrada, então fizemos a política da boa vizinhança. Agora esse serviço não vai agüentar por muito tempo até porque começou a chover. O ideal é que o governo faça a terraplanagem", disse.
Segundo ele, há duas semanas o governador Flamarion Portela (PSL) esteve no local e ouviu as reclamações dos moradores. "Esse governo é novo, acho que por isso ainda não teve tempo de resolver esse problema que considero grave, pois até as camionetas que levam as crianças para a escola estão quebradas", complementou, ao acrescentar que muitos colonos perdem o que produzem.
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