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Ararinha-azul mais velha do mundo morre aos 40 anos

Portal Amazônia - http://www.portalamazonia.com.br
01 de Jul de 2014

Presley, o macho de ararinha-azul mais velho do mundo, morreu em 25 de junho deste ano. Aos 40 anos, era um ícone da conservação da espécie e dos problemas enfrentados por muitas outras espécies que são alvo do tráfico de animais, atividade criminosa que todo ano captura cerca de 38 milhões de animais apenas no Brasil. A informações foi divulgada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) nesta terça-feira (1).

A ararinha-azul Presley foi retirada ilegalmente da natureza por traficantes de animais silvestres, em 1984, e vendida como animal de estimação nos Estados Unidos. A partir de iniciativas oficiais de conservação da espécie, Presley retornou ao Brasil em 2002. Na Fundação Lymington, onde viveu por quase dez anos, foram feitas várias tentativas sem sucesso de reproduzi-lo em cativeiro. Ano passado, o nascimento de filhotes por técnicas assistidas de fertilização sinalizou o potencial e o êxito da inseminação artificial em outros espécimes de ararinha-azul.

Em março de 2014, especialistas da Universidade de Giessen (Alemanha) colheram sêmen de Presley por eletroejaculação. Porém, os espermatozoides apresentaram aspectos negativos, morfológicos e de motilidade, consequência dos problemas cardíacos e idade avançada da ave.

Presley permaneceu na Fundação até ser internado no Hospital Veterinário da Unesp de Botucatu, em 20 de junho, porque não se alimentava mais sozinho. Ele permaneceu sob cuidados veterinários de alta qualidade até o dia de sua morte.

A necropsia foi realizada no Laboratório de Patologia Comparada de Animais Selvagens da Universidade de São Paulo (USP). As células germinativas (conservação de germoplasma) da ave foram preservadas para serem transplantadas em outro macho, que passaria a produzir o esperma de Presley. Esta técnica foi realizada em outros grupos de aves e é a última tentativa para incorporar o material genético desta ave no grupo das ararinhas-azuis em cativeiro atualmente.

"Ele era um dos últimos indivíduos do ambiente natural. Como essa espécie é extinta na natureza, existem poucas matrizes para reprodução. Ele é muito valioso para ampliar a diversidade genética e evitar os cruzamentos entre aparentados", explicou a analista ambiental do Centro Nacional de Pesquisas e Conservação das Aves Silvestres do ICMBio, Patrícia Serafini.

A morte de Presley é uma oportunidade para refletir sobre a importância da conservação da espécie e conscientizar a sociedade sobre o tráfico de animais. Animais silvestres são vendidos ilegalmente, muitas vezes por valores irrisórios, colocando em risco a existência das espécies. Depois, centenas de milhões de reais são gastos pelo governo e instituições privadas para evitar a extinção, nem sempre com sucesso.

O ICMBio integra o projeto Ararinha na Natureza, iniciativa que reúne dezenas de instituições públicas e privadas, para a conservação das ararinhas-azuis.

Ararinha-azul

É um dos psitacídeos neotropicais mais ameaçados de extinção. Está extinto na natureza e existem cerca de 60 indivíduos em cativeiro. Êndêmica da Caatinga baiana, de uma área estreita no vale do rio São Francisco. O último exemplar na natureza desapareceu em outubro de 2000.

A ave mede 57 centímetros e possui plumagem azul em praticamente todo o corpo, sendo mais escura nas costas. A cabeça é azul-acinzentada, em tom mais claro que o resto do corpo, sendo o lado inferior da cauda cinza-escuro. A área nua na face e o anel perioftálmico são pretos, o bico é preto-acinzentado, a íris é amarela, as pernas têm coloração cinza escuro e as asas são muito longas e estreitas.

Observações do último exemplar selvagem indicam que a espécie pernoita em facheiros. O período reprodutivo está relacionado ao regime das chuvas, estendendo-se de outubro a março. Os ninhos são estabelecidos em ocos abandonados de pica-paus. A principal árvore utilizada para nidificação é a caraibeira. A espécie reproduz-se em cativeiro e a população cativa aumentou de 17 indivíduos (1990) para 59 indivíduos (2005), conforme dados mais atualizados do ICMBio.

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