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Arara

Marcelo Piedrafita
Autor: Marcelo Piedrafita
22 de Out de 2002

De fato, todos os documentos oficiais tem se referido ao nome da terra como TI Arara do Alto Juruá. Antes da identificação, eles falavam dos Apolima, dos Apolima-Arara e dos Arara-Apolima. Parece que o nome por ora se estabilizou em Arara, mas não sei como vai acabar ficando o nome desse povo que, na verdade, é uma amálgama de Xuma, Santa-Rosa, Amauaca e outros índios originários do Peru, que entraram no Brasil, se não estou enganado, ao redor dos anos 30, mesma época em que o velho Samuel, pai do Antônio Pianko e avô dos meninos que hoje mandam na Associação (Francisco, Moisés, Isaac, Benki, Bebito) também entrou, acompanhando turmas de madeireiros daquele país.
quanto ao real tamanho e limite da terra. Terri ouviu os índios após a passagem do GT e descobriu que eles tinham um entendimento diferente do de Walter Coutinho a respeito do que havia sido o perímetro a ser defendido no relatório. Tinham ainda uma visão de território distinta, maior do que essas outras duas. Este mapa segue anexo.
Apesar da dificuldade que é ver hoje os índios pleitearem terra dentro da Resex do Alto Juruá (doze anos após iniciado o processo de criação, de discussão dos planos de uso, da demarcação física da Reserva, da visão enraizada dos seringueiros de que suas colocações assim o seriam para sempre, do fato de que parte dos ocupantes não-índios dessa terra são os irmãos da Piti, mulher do Antônio Pianko, que já saíram da Terra Indígena após a demarcação e, ainda, da perspectiva de que no dia 20 de novembro(2002), o Ministro do MMA e o CNPT estejam fazendo a entrega nas Resexs Chico Mendes e Alto Juruá das primeiras da concessão de uso às Associações locais . Terri tem defendido que, diferente da proposta do Walter, cristalizada no mapa preliminar, de que, ao invés de a partir do Ponto P-05 pegar essa linha reta até o P-04, seguir pelo limite natural formado pelo curso do igarapé Arara até embaixo até chegar, por uma linha seca, até o igarapé Paxiúba e daí retomar o perímetro indicado neste mapa. Isto implicaria em pegar um pedaço maior da Resex, algo em torno de mais 5 mil ha. Esta proposta ganharia justificativa para proteger os fundos da terra indígena, impedindo que caçadores de Marechal Thaumaturgo e da própria Resexs continuem a subir pelo Arara para caçar nesse trecho e principalmente na TI Kampa do Rio Amônia.
Terri conversou com os índios, sem aquela pressão de tentar negociar uma solução intermediária, para tentar se livrar do fogo cruzado, do pessoal da Resex, do pessoal do Projeto de Assentamento, de Marechal Thaumaturgo e dos próprios AShaninka. Vamos ver onde vai dar. Mas, em todo caso, mando para tua apreciação e monitoramento dos desdobramentos. Terri tem plotadas as outras duas propostas (a que os índios entenderam que, em função das negociações com Walter, seria a proposta do GT e a do que eles concebiam originalmente como o território a ser reivindicado).

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