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Araçatuba estréia Estrada do Pacífico

Gazeta do Acre-Rio Branco-AC
Autor: PITTER LUCENA
22 de Jan de 2003

Com uma carga de 27 toneladas de eletrodos para uma companhia elétrica na cidade de Puerto Maldonado no Peru, o Expresso Araçatuba deu o pontapé inicial na manhã de hoje no processo das exportações brasileiras para o países andinos, es-treando a Estrada do Pacífico. Segundo Oswaldo Xavier Dias, gerente regional da empresa, não adianta a pavimentação concluída do lado brasileiro, se não existe uma ponte que faça a ligação entre as cidades de Assis Brasil e Iñapari, pois as dificuldades continuarão imensas para a consolidação do intercâmbio comercial.

O gerente defende com urgência a criação de um posto de controle aduaneiro na cidade de Assis Brasil, para evitar problemas tanto de exportação quanto de importação entre o Brasil e o Peru. "Como Assis Brasil está sendo a porta de entrada e saída de produtos para os países andinos, o governo deve criar urgentemente o serviço de alfândega para evitar problemas na fronteira", disse.

Desafio aos empresários

Oswaldo Xavier lançou um desafio na manhã de ontem, quando falava à imprensa sobre a viagem do Expresso Araçatuba à cidade de Puerto Maldonado. Ele propôs uma viagem institucional com empresários acreanos que estejam interessados em entrar no comércio internacional, principalmente nos países como o Peru, a Bolívia e o Chile. "Os empresários que tiverem coragem de oferecer seus produtos aos países vizinhos, o Expresso Araçatuba se dispõe a fazer esse intercâmbio comercial", disse.

Ele afirmou ainda que o empresário acreano tem que entender que a rota para o Pacífico pelo Acre é a mais viável para todo o Brasil em termos de tempo e custos operacionais, além do turismo que começa a crescer com a pavimentação da Estrada do Pacífico até a fronteira peruana. "A parte mais difícil já foi feita pelo Expresso Araçatuba, agora queremos que a classe empresarial do Acre acredite e aposte nesse sonho de fazer grandes negócios com os nossos vizinhos andinos", frisou.

50 anos

Nesses mais de 50 anos de criação no Brasil, o Expresso Araçatuba continua fazendo história na América do Sul. Por meio deles, conseguiu fortalecer suas bases nas fronteiras brasileiras, intensificando a movimentação de cargas entre os países vizinhos. O resultado foi colhido: o Expresso Araçatuba atua de forma integrada com o Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia, Chile e Peru. E, a partir das filiais em Manaus e Boa Vista, alcança o interior da Venezuela e o mar do Caribe, onde descarrega produtos brasileiros e retorna com artigos venezuelanos.

Assim, com meio século de existência, o Expresso Araçatuba segue percorrendo os interiores, tornando-se cúmplice, quando não protagonista, dos acontecimentos mais importantes da expansão rodoviária do Brasil. Para a transportadora, sempre haverá algum lugar para integrar e algum local desconhecido para alcançar na imensidão da América.

Presidente confirma pavimentação no Peru

No lado peruano, a construção da rodovia começou em 1991. Um ano antes, o escritor Mario Vargas Llosa, um dos mais importantes da literatura latino-americana, candidatava-se à presidência do Peru e defendia como um de seus projetos de governo a ligação entre as costas do Pacífico e do Atlântico. Afirmava que uma das vantagens da interligação bioceânica seria, além da integração latino-americana, a diminuição das distâncias entre vários mercados do mundo e os países da América do Sul.

O governo peruano já investiu mais de US$ 16 milhões na obra, cujo traçado se desenha rumo ao norte do Brasil, embora Puno e Cuzco ainda disputem lugar na rota. Dos 1.600 quilômetros que ligam a cidade de Ilo à pequena Iñapari, na fronteira com o Brasil, apenas 400 quilômetros estão asfaltados. Os outros 1.200 ainda são de terra.

O atual presidente do Peru Alejandro Toledo, quando em dezembro passado participou da inauguração da pavimentação da Estrada do Pacífico no lado brasileiro, afirmou que dará continuidade a rodovia durante seu governo, devendo estar concluída antes de terminar seu mandato em 2006.

Projeto Pacífico

Em 1995, uma equipe do Araçatuba dedicou boa parte de seu tempo formatando e analisando o roteiro de uma grande expedição, chamada Projeto Pacífico, que teria início em Porto Velho. O trajeto exigiria perícia dos motoristas e extrema capacidade de improvisação dos caravaneiros: a rota cortaria toda a Bolívia e o Chile até chegar ao Pacífico. Depois, voltaria pelas úmidas florestas peruanas e alcançaria o Acre.

A empreitada contava ainda com empresários e autoridades de Rondônia e do Acre, interessados em pesquisar oportunidades de negócios. O pessoal do Araçatuba foi anotando tudo como, condições de trânsito e de clima, rotas alternativas, perigos nas vias, quilometragem exata entre as cidades, oferta de combustível ao longo do caminho, documentos necessários para atravessar fronteiras e outras exigências para o transporte seguro até o destino final.

Num de seus estudos, o Araçatuba observou que uma carga despachada do porto de Santos para o Japão, percorreria 12.194 milhas marítimas. Se o embarque fosse realizado no porto chileno de Iquique, a distância cairia para 8.480 milhas, ou seja, uma diferença de 3.714 milhas. Na ponta do lápis, isso representaria um ganho aproximado de doze dias, mais economia no frete em cerca de 40%.

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