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Após reintegração de posse, grupo ocupa calçada do Museu do Índio

O Globo- http://oglobo.globo.com
Autor: Rafael Nascimento
20 de Jul de 2016

No início da manhã desta quarta-feira, um grupo de 30 pessoas, formado por indígenas e apoiadores do movimento, permanecia acampado na calçada do Museu do Índio, em Botafogo, Zona Sul do Rio, após reintegração de posse do imóvel. A ação, desdobramento do pedido feito pela Funai à Justiça, aconteceu na noite desta terça-feira, quando os manifestantes estavam no interior do museu. Na operação, o advogado da Aldeia Maracanã Arão da Providência Araújo Filho chegou a ser detido, mas foi liberado no início da madrugada. A desocupação da instituição aconteceu dois dias depois de uma confusão entre os participantes do ato e seguranças do prédio, que terminou em pancadaria.

Segundo os manifestantes, entre as reivindicações estão a devolução do território da Aldeia Maracanã e uma Funai mais indígena. Eles contaram que a ação para retirá-los do prédio foi truculenta.

- Me jogaram no chão e fiquei machucado. Me levaram à força para a delegacia, porque eu não queria ir, e registrei uma agressão contra a minha integridade física no exercício da minha profissão. A operação de reintegração ocorreu sem eu poder interceder em nada, porque eu estava preso - afirmou Arão, que também estava em frente ao Museu do Índio, durante esta madrugada, depois de deixar a delegacia do Catete. - Foi arbitrária (a reintegração de posse). Porque a gente já havia entrado com a exceção de suspeição do juiz e ele não poderia praticar nenhum desses atos que ele praticou. Não estamos lutando pela posse do prédio, estamos reivindicando que a assistência da Funai seja dada aos indígenas do Rio de Janeiro, especialmente em relação à Aldeia Maracanã.

Durante a madrugada, o policiamento no local estava reforçado. O clima, no entanto, era pacífico. Vários cartazes foram colados nos portões do museu. Algumas pessoas que estavam no local na confusão do último domingo ainda carregavam as marcas do embate. Um deles era o estudante universitário Lucas Albuquerque da Costa, de 20 anos, que estava com o braço esquerdo enfaixado, devido a uma fratura que sofreu num dos dedos.

- Fui vítima de espancamento no domingo. Os próprios seguranças do museu que são seguranças patrimoniais estavam usando o acervo, que é patrimônio cultural do Brasil, para bater na gente. Fui defender um amigo e tomei paulada nas costas. Seguranças me puxaram para um canto, colocaram o meu casaco na minha cabeça, não conseguia ver nada, enquanto eles me davam pauladas nas costas e uma na cabeça - disse o jovem, antes de mostrar marcas de hematomas que, segundo ele, foi o resultado da confusão. O estudante contou ainda que fez o exame do corpo de delito e registrou a ocorrência na delegacia de Botafogo.

Além dele, outros dois manifestantes também relataram hematomas oriundos das agressões sofridas no domingo. O indígena Lucas Vilar, de 21 anos, estava no local nas duas ocasiões: no fim de semana e também durante a reintegração de posse desta terça:

- (Na reintegração) a PM entrou com bombas de gás lacrimogênio, armas nas mãos. Foi violento. Mas eu continuo aqui na luta - contou. - É uma manifestação legítima.

Ainda de acordo com os manifestantes, eles vão permanecer no local até que as reivindicações sejam atendidas.

- Vamos continuar até ter uma assistência e o governo federal se posicionar em relação à Aldeia Maracanã. Porque deixou a aldeia maracanã ser entregue para o grande empresariado. A assistência para que a Funai assuma o seu papel institucional, de acolher, defender e proteger (o indígena) e não espancar - afirmou Arão.

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