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Após queda, desmate volta a crescer em Mato Grosso

FSP, Ciência, p. A14
17 de Set de 2007

Após queda, desmate volta a crescer em Mato Grosso
Aumento foi de 200% entre maio e julho, alerta sistema desenvolvido por ONGs
Dados de satélite mostram, no entanto, que a área total devastada ainda é pequena; reaquecimento de boi e soja poderia explicar o repique

Da reportagem local

A primeira compilação anual dos dados do SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), método desenvolvido pelas ONGs Imazon e ICV para enxergar o corte florestal em Mato Grosso, revela com clareza o jogo de tensões existente em parte da fronteira do desmatamento.
"Temos uma boa notícia, mas com um sinal de alerta para o governo", afirma Sérgio Guimarães, do ICV.
Traduzindo para números: entre agosto de 2006 e julho de 2007, tombaram em Mato Grosso 2.512 quilômetros quadrados de floresta amazônica. O que significa uma redução, em relação ao mesmo período de 12 meses anterior, de 59%.
Em compensação, nos últimos três meses do período analisado - maio, junho e julho deste ano -, o corte da floresta cresceu em 200%, comparado ao mesmo período de 2006.
"O SAD registrou esse repique. Ele serve como uma alerta, porque os números absolutos desses desmatamentos ainda são pequenos", diz. No mês de julho de 2007, por exemplo, o derrube atingiu "apenas" 76 quilômetros quadrados.
Para Adalberto Veríssimo, do Imazon, a volta do desmatamento precisa ser acompanhada de perto. "Nossa hipótese é que isso tem a ver com o aumento dos preços das principais commodities, gado e soja. Mas ainda não temos como afirmar isso com certeza."
As propriedades rurais que estão fora do sistema de licenciamento ambiental do Estado, no qual propriedades são monitoradas por satélite, protagonizaram 50,31% do desmatamento. O segundo vilão da lista são os assentamentos de reforma agrária, com 14,02%. Mas apenas um pouco na frente das propriedades rurais cadastradas no sistema de licenciamento, mas que não respeitaram a reserva legal. Elas fizeram 13,28% das derrubadas.
Em termos geográficos, a situação mais crítica continua no mesmo local. "A maior área de risco se concentra nas regiões noroeste e norte do Estado", afirma Guimarães.
Os municípios que mais desmataram são fronteiras da extração de madeira, da pecuária e da grilagem de terras, como Juína, Alta Floresta e Colniza -esta última, conhecida como o lugar mais violento do Brasil.
Segundo ele, nesta semana, o governo do Estado vai fazer uma reunião com as ONGs. "Esse nosso sistema poderá ajudar muito em uma fiscalização contra o desmatamento mais focada".
O Imazon promete para outubro o primeiro relatório do SAD para o Pará. "Mato Grosso e Pará juntos respondem por 70% do desmatamento da Amazônia", diz Veríssimo.

FSP, 17/09/2007, Ciência, p. A14

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