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Após 20 horas, caminhoneiros liberam 174

Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br
Autor: Neuraci Soares
27 de Abr de 2010

A BR-174 foi liberada ontem, às 13h, após o grupo de caminhoneiros que encabeçava o bloqueio ter a garantia do Governo do Estado de Roraima que o pior trecho da rodovia será recuperado e que os manifestantes serão recebidos para uma reunião com o governador José de Anchieta (PSDB), hoje pela manhã, no Palácio Senador Hélio Campos. O horário não foi divulgado.

A rodovia, no trecho sul do estado, cerca de dois quilômetros do posto de fiscalização do Jundiá, município de Rorainópolis, ficou interditada por cerca de 20 horas, causando transtornos para passageiros e empresas de transporte interestadual que em alguns casos tiveram que acionar veículos extras para o trabalho de baldeação, garantindo assim, a conclusão da viagem de seus clientes.

A negociação com os manifestantes foi feita por uma equipe do governo, que se deslocou até o Jundiá em duas aeronaves, encabeça pelo secretário estadual de Segurança Pública, general Eliéser Girão Monteiro, e composta pelo delegado-geral de Polícia, Eduardo Wayner Santos Brasileiro, o subcomandante do Comando de Policiamento do Interior (CPI), Major Campos e um engenheiro do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT).

Além da reunião com o governador, o grupo deu como garantia aos manifestantes que as máquinas que atuarão na recuperação da rodovia estarão trabalhando na área até esta quinta-feira.

Durante a negociação, os caminhoneiros questionaram a lentidão do governo do estado na recuperação da BR-174, em especial no trecho da Terra Indígena Waimiri-Atroari, onde o tráfego está praticamente impossibilitado devido aos enormes buracos ao longo da estrada.

"A resposta que demos a eles é que o governador já havia acertado com a empresa ganhadora da licitação, tendo determinado que as obras iniciassem o quanto antes, independente das condições de chuvas para melhorar o estado da estrada. Essa obra visa melhorar a BR-174 no trecho que compreende Caracaraí até o município de Presidente Figueiredo, no Amazonas", disse o secretário.

Outra reivindicação apresentada pelos caminhoneiros é com relação a instalação de uma balança no Posto Fiscal do Jundiá, mas o próprio engenheiro do DNIT informou que já está sendo instalada. (Leia na pag. 2A artigo de Anchieta Júnior sobre a BR-174)

Motoristas dizem que não aguentam mais situação

A caminhoneira Sandra Ribeiro disse que a estrada está um caos e que os caminhoneiros, as empresas de ônibus e a população em geral que utiliza a rodovia não aguentam mais a situação. "Só quem trafega nessa estrada sabe o que estamos falando. Em vários trechos, em especial na reserva, não há mais asfalto, os buracos tomaram conta de tudo e o risco de acidentes é iminente", destaca.

Sandra disse que estará em Boa Vista hoje e quer acompanhar de perto essa negociação com o governo do Estado, pois acredita que a solução para a recuperação da BR-174 é política. "O bloqueio foi suspenso, mas queremos ver o resultado dessa negociação, queremos ver a ação das máquinas que foram prometidas para amenizar o caos que temos neste momento, a obra efetiva de recuperação da rodovia", enfatiza a caminhoneira.

Além da estrada e da falta de uma balança, os caminhoneiros reclamam da precariedade no atendimento no posto de fiscalização do Jundiá. Segundo Sandra, os fiscais que atuam no local levam muito tempo no atendimento. "Já levei até seis horas na fiscalização no posto do Jundiá e se questionarmos os fiscais, eles demoram ainda mais no atendimento, de propósito, pois ali são eles que mandam", reclama a caminhoneira.

Outra reivindicação é com relação à estrutura do posto, que tem apenas um banheiro para atender todas as pessoas. "Não temos um banheiro para mulheres e em caso de emergência, tem que ficar na fila. Alguns caminhoneiros viajam com a mulher e até filhos e não têm qualquer assistência no local", acrescenta Sandra. (N.S.)

Empresas de transporte interestadual e passageiros relatam transtornos na estrada

Os representantes das empresas de transporte interestadual que fazem linha para Manaus também questionam as condições precárias da BR-174 e lamentam os prejuízos que acumulam nos últimos meses.

O gerente operacional da Amatur, Roberto Figueiredo, disse que a empresa está trabalhando com ônibus novos, alguns comprados neste ano de 2010, mas que as condições da estrada têm gerado prejuízos altíssimos. Ele conta que devido aos buracos na estrada, em alguns trechos os motoristas têm que levantar a suspensão dos carros para a carenagem não engatar nos atoleiros.

"Além das constantes reclamações dos passageiros, devido ao aumento no tempo de viagem, a empresa tem prejuízos constantes com peças, manutenção e aumento no gasto com combustível. A viagem de Boa Vista a Manaus, que era realizada em 11 horas, chega a ser feita em até 16 horas", lamenta o gerente.

O gerente operacional da empresa Eucatur, Wanderley Araújo, disse que as empresas também esperam uma providência das autoridades em relação às condições da rodovia, pois os passageiros pagam pela viagem e precisam ser atendidos da melhor foram possível, o que não está acontecendo.

"Nós acumulamos prejuízos, mas nosso transtorno maior é com relação as reclamações dos nossos passageiros, uma vez que as empresas não têm culpa da precariedade da BR-174. Lamentamos o bloqueio, mas lamentamos ainda mais as condições da rodovia", afirma Araújo.

PASSAGEIROS - A estudante Marla Laís Pimentel, 18, que viajou de ônibus para Manaus no domingo, 25, conta que passou duas horas dentro da Terra Indígena Waimiri-Atroari, presa no bloqueio feito pelos caminhoneiros.

"Chegamos ao bloqueio por volta de 4 horas da manhã e a informação que tínhamos era que ninguém podia passar. Foi um desespero, pois tínhamos várias crianças e grávidas no ônibus. Ficamos a dois quilômetros do posto de Jundiá e a orientação era para ninguém sair do carro. As crianças choravam. Foi um transtorno", conta a estudante.

Marla disse que depois de duas horas de negociação do motorista do ônibus com os manifestantes, eles decidiram liberar a passagem, e por volta das 6 horas da manhã o grupo seguiu viagem. (N.S.)

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