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Aos 91 anos, morre d. Tomás Balduíno

OESP, Metrópole, p. A22
04 de Mai de 2014

Aos 91 anos, morre d. Tomás Balduíno
Adepto da Teologia da Libertação, bispo emérito foi grande defensor dos direitos humanos, da causa indígena e dos trabalhadores rurais

José Maria Mayrink

Teólogo, missionário, piloto de avião, defensor dos direitos humanos, d. Tomás Balduíno, bispo emérito de Goiás que morreu ontem aos 91 anos, foi uma das figuras mais ativas e polêmicas da Igreja Católica no Brasil nos últimos 50 anos. Religioso da Ordem dos Pregadores (frades dominicanos), nasceu em 31 de dezembro de 1922 na cidade de Posse, em Goiás.
Nos anos 1940, estudou Filosofia em São Paulo e Teologia na França, cursos que complementou com uma pós-graduação em Antropologia e Linguística na Universidade de Brasília (UnB). Ordenado padre em 1948, d. Tomás foi professor de Filosofia em Uberaba (MG), superior da Missão Dominicana e pároco em Conceição do Araguaia (PA). Foi nomeado, em 1966, prelado coadjutor da Prelazia da Santíssima Conceição do Araguaia e, no ano seguinte, bispo da Diocese de Goiás. Renunciou, por limite de idade, em 1999, mas continuou atuando na ação pastoral junto aos movimentos sociais.
D. Tomás foi cofundador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e seu segundo presidente. Ajudou também a fundar a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Nas duas entidades, ligadas à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi defensor incansável dos índios e dos lavradores, sempre brigando pelo direito deles à terra.

Aviação . Piloto de avião desde 1957, d. Tomás voava no mono- motor que ganhou de amigos italianos, para visitar aldeias indígenas, colônias agrícolas e acampamentos de trabalhadores. O avião lhe dava agilidade para levar remédios e alimentos a regiões de difícil acesso.
D. Tomás não falava sobre problemas de saúde. Até recentemente, praticava natação e sempre estava animado para caminhar nas visitas às comunidades. Os militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ganharam seu apoio e admiração, em todas as partes do País.
"Nossa reforma agrária é ainda a dos militares", afirmou o bispo em setembro do ano passado, três meses antes de receber uma homenagem no Palácio do Planalto por sua luta em defesa dos direitos humanos. Aproveitou a solenidade para cobrar da presidente Dilma Rousseff mais pressa na execução da reforma agrária.
Partidário da Teologia da Libertação, d. Tomás era defensor de uma Igreja pobre. O bispo emérito de Goiás escreveu uma carta aberta aos bispos,em julho de 2008, sugerindo que as
Dioceses deixassem de erguer catedrais suntuosas e caras.

Dilma lamenta a morte de religioso

A presidente Dilma Rousseff lamentou ontem no Twitter a morte de d. Tomás Balduíno. "Foi com tristeza que soube da morte de d. Tomás Balduíno, incansável lutador das causas populares", escreveu ela. "Ele foi defensor intransigente dos direitos dos índios, dos trabalhadores sem-terra e dos mais pobres."

OESP, 04/05/2014, Metrópole, p. A22

http://www.estadao.com.br/noticias/vida,polemico-d-tomas-balduino-foi-d…

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