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Ao Presidente da FUNAI Sr Artur Nobre Mendes

Site da Funai
07 de Set de 2002

Brasília, 07 de agosto de 2002.

Sr Presidente,

Dando cumprimento as deliberações unânimes da reunião do Conselho Indigenista da FUNAI ocorrida em 07/08/02 relatamos a situação do povo indígena Cinta Larga e de suas terras:

1) Nas terras indígenas Parque do Aripuanã, Serra Morena, Roosevelt e Aripuanã nos Estados de Mato Grosso e Rondônia, está instalado um processo de extermínio do povo indígena Cinta Larga habitantes imemoriais daquela região.
2) O processo se dá pela invasão continua daquelas terras por garimpeiros, madeireiros e outros criminosos, que se utilizam dos mais diversos expedientes para explorarem os recursos naturais. Os Cinta Larga são submetidos aos interesses dos invasores, em função da ausência desta FUNAI e dos outros órgãos de assistência e de conservação dos recursos naturais.
3) Os invasores, aos milhares, interferem na vida indígena, destruindo a sua estrutura sócio-cultural, transmitindo doenças infecciosas e sexuais e provocando redução populacional, de 5000 para 1200 pessoas, sem precedentes na história recente daquele povo indígena, contatado no inicio da década de 70. O índice de mortalidade infantil nesses 07 meses de 2002 acusam aumento em 300% em relação ao total dos óbitos infantis ocorridos durante todo o ano de 2001.(uma calamidade!).Certamente as doenças lá existentes e o aumento da mortalidade devem-se a presença dos invasores das Terras Indígenas.
4) As invasões e a retirada de minérios (diamantes) e madeiras nobres das Terras Indígenas, alimenta o sistema do crime organizado internacional, com a participação de autoridades regionais, associado ao tráfico de drogas e armas.
5) As pretensas ações de combate ao crime organizado na região não tem surtido efeitos, gerando cada vez mais a sensação de impunidade e gerando incentivo a continuidade das invasões e dos crimes contra o estado de direito, e principalmente contra os direitos dos povos indígenas. (assassinatos, estrupos, utilização de índios como veículo e escudo dos crimes que são cometidos pelos invasores e traficantes).
6) Esta situação é de tal monta, que se não forem tomadas providências urgentes, a demora nas medidas de coibir as invasões, poderá ser tarde demais para evitar o extermínio do povo Cinta Larga.

Diante deste quadro assustador, o Conselho Indigenista da FUNAI solicita providências de Vossa Senhoria junto ao Ministério da Justiça, no sentido de que seja sustado imediatamente este estado de violência e desmandos contra a população indígena.
Lembramos a Vossa Senhoria que está na memória de todos os povos o massacre ocorrido contra estes mesmos índios, por garimpeiros e seringalistas na década de 60, que ficou tristemente conhecido como o " Massacre do Paralelo 11".

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