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Ao ignorar história de Chico Mendes "ministro aliou-se ao discurso dos seus assassinos", diz filha do líder sindical

Hora do povo https://horadopovo.org.br
14 de Fev de 2019

A filha do falecido sindicalista Chico Mendes, Ângela Mendes, divulgou nota criticando as declarações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a respeito de seu pai no programa "Roda Viva", da TV cultura, na segunda-feira (11). A nota denuncia que Salles "aliou-se ao discurso dos assassinos de Chico Mendes e de seus apoiadores.". A nota é assinada pelo Comitê Chico Mendes.

"A questão não é, obviamente, pessoal, é Política! É uma questão de lado. De ideologia! De classe. E é assim que deve ser tratada: o ministro reafirmou seu lado. Ele está do lado dos que pensam que mataram Chico Mendes, que são os mesmos que continuam matando ou apoiando a morte de lideranças das populações tradicionais (extrativistas, coletores, quilombolas, indígenas, pescadores, entre outros) e seus apoiadores e aliados.", continua a nota.

Durante a entrevista, o Ministro de Bolsonaro afirmou desconhecer a figura de Chico Mendes e sua história. "Escuto histórias de todos os lados. Dos ambientalistas mais ligados à esquerda, que o enaltecem. E das pessoas do agro que dizem que ele não era isso que contam. [...] Dizem que usava os seringueiros pra se beneficiar", disse o ministro. Diante dessa resposta o apresentador, Ricardo Lessa, rebateu: "se beneficiar em quê? Ele morreu pobre".

"Que diferença faz quem foi Chico Mendes agora?", disse Salles.

Para o Comitê Chico Mendes, "só essa afirmação, partindo de quem ocupa a pasta que ocupa, já deveria ser seguida por um ato de grandeza: o pedido de demissão. Mas é esperar demais de alguém com a pequenez ética desse senhor."

"A relevância de Chico Mendes, senhor ministro, está no fato de que, como seringueiro, político, militante, liderança sindical, presidente de um sindicato de trabalhadores rurais nos confins da Amazônia ocidental, em Xapuri, conseguiu, com sua incrível capacidade de situar-se à frente de seu tempo, perceber que não estava lutando só pelas seringueiras, ou pela floresta, mas que estava lutando, como ele mesmo disse, 'pela humanidade.'", diz a nota.

Chico Mendes teve um papel de grande relevância na luta para que a Amazônia e suas riquezas servisse para os interesses do povo, num momento em que a ditadura militar buscou facilitar a exploração que expulsava os seringueiros, indígenas e demais povos tradicionais da região, devastando a floresta.

Naquele momento "os seringueiros discutiram que queriam uma garantia de que poderiam continuar vivendo como seringueiros, na floresta, usando-a sem destruí-la e sem necessidade de serem os "donos da terra", e sim, apenas e tão somente, que pudessem usufruir das riquezas da floresta, que deveria continuar como "bem público", patrimônio da União, de todo o povo."

A nota também resgata o papel que Chico Mendes cumpriu em defesa da Amazônia: "No total, a preservação/conservação ambiental, [...] é parte do legado de Chico Mendes, é de 66 milhões de hectares, o que corresponde a 13,18% da Amazônia. [...] Se ele não tivesse sido, lá atrás, um porta-voz tão respeitado e temido pelos que pensam que o mataram, não teríamos conseguido preservar esses milhões de hectares de florestas e de outros biomas, ao mesmo tempo gerando milhares de vagas de ocupação e emprego para as populações tradicionais".

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