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Antropóloga é inquirida pela "CPI da Funai"

ISA
Autor: Marco Gonçalves
02 de Dez de 1999

Dominique Gallois, coordenadora dos trabalhos do CTI no Amapá,respondeu todas as dúvidas dos deputados da Comissão.

Os deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito que vem investigando a atuação de ONGs em terras indígenas (conhecida como "CPI da Funai") inquiriram dia 1o de dezembro a antropóloga Dominique Gallois, doutora e professora do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo (USP). Dominique é também coordenadora de vários projetos que o Centro de Trabalho Indigenista (CTI) desenvolve junto aos índios Waiãpi, povo que habita as florestas do oeste do estado do Amapá.

Na diligência da CPI no Estado, ocorrida entre os dias 22 e 24 de novembro, Dominique Gallois havia sido acusada por deputados locais, entre os quais o relator da CPI, Antônio Feijão (PSDB-AP), de promover divisão entre os Waiãpi, aumentar a área indígena no momento de sua demarcação e de ter elaborado um projeto de "garimpagem" dentro da terra indígena.

Por conta das divergências pregressas entre Antônio Feijão e Dominique Gallois, os deputados Dr. Rosinha (PT-PR) e Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) reclamaram da impropriedade de o relator inquirir uma pessoa contra a qual tomou várias iniciativas na Justiça. Mesmo diante da insistência dos dois deputados, a ponderação não foi aceita pelo presidente da Comissão, deputado Alceste Almeida (PMDB-RR).

Ao longo de 40 minutos, Dominique Gallois explicou detalhadamente seu trabalho junto aos Waiãpi, desde seu primeiro contato com o grupo, no início dos anos 70. Relatou as conseqüências do desastroso contato promovido pela Funai, na época da abertura da Perimetral Norte, as sucessivas invasões de garimpeiros e o risco de extinção a que os Waiãpi estiveram expostos. Historiou os 18 anos de luta dos índios para obter a demarcação de suas terras, realizada mediante convênio entre a Sociedade Alemã de Cooperação Técnica (GTZ) e a Funai entre 1994 e 1996.

Em seu depoimento, a antropóloga informou que, ao contrário do que vinham dizendo opositores do trabalho do CTI no Amapá, os índios Waiãpi perderam grande parte de seu território no processo de reconhecimento oficial. Em seguida, o relator Antônio Feijão encaminhou duas baterias de perguntas sobre os procedimentos adotados no autodemarcação da área e sobre um projeto de recuperação de áreas degradadas pelo garimpo dentro da área Waiãpi, aprovado como projeto demonstrativo (PDA) no âmbito do PPG7. Todas as questões foram respondidas, sem provocar qualquer contestação por parte dos inquiridores.

Antes do início da sessão, o secretário da CPI Mário Dráusio informou que um requerimento solicitando nova prorrogação para CPI da Funai havia sido enviado para a Câmara dos Deputados. Entretanto, o ISA apurou que ao final da sessão de ontem vários deputados, incluindo o relator da Comissão, consideraram a possibilidade de desistir da idéia, encerrando os trabalhos na data prevista, dia 15 de dezembro.

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