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Antes da lei, fazenda já preservava

OESP, Agrícola, p. G9
27 de Set de 2006

Antes da lei, fazenda já preservava
Na Paredão, em Oriente (SP), há 270 hectares de florestas nativas

A Fazenda Paredão, em Oriente (SP), tem 1.300 hectares, dos quais 23% correspondem à área de reserva legal. São270 hectares de florestas nativas, hábitat de inúmeros animais da fauna local. Fora isso, além da reserva, há 18% de área com reflorestamentos plantados com essências nativas - tem até aroeira -, eucalipto e pinus. 'Isso tudo foi feito há 15 anos, numa época em que poucos falavam sobre preservação ambiental', afirma o proprietário da fazenda, Nelson Pineda, que dirige a propriedade com a esposa Claudia Pineda.

Em 1995, a fazenda recebeu o Prêmio Banespa de Conservação Ambiental e Produtividade, iniciativa conjunta com o governo do Estado de São Paulo, em reconhecimento às práticas conservacionistas. 'Conseguimos um nível bom de produtividade com respeito ao meio ambiente', observa. 'Embora os cuidados com a preservação ambiental sejam uma exigência legal, para nós esse conceito é anterior à lei.'

Na Paredão, todos os piquetes têm área arborizada, o que permite criar um microclima e baixar a temperatura em 2 a 3 graus', conta. 'Além de atrair animais silvestres, as árvores funcionam como um quebra-vento natural.' As áreas de preservação permanente estão cercadas e plantadas, para não permitir a entrada do gado. As nascentes também são protegidas com cerca e plantadas. 'Meu gado não entra nessas áreas.'

EXIGÊNCIAS

Pineda conta que atualmente há dois tipos de exigências: as legais e as de mercado. Ele observa que as barreiras não-tarifárias, impostas pela União Européia, como as sanitárias e as relacionadas com o meio ambiente e o bem-estar animal, vão ser mais fortes do que as barreiras tarifárias. 'Elas impedem a entrada da mercadoria, fecham o mercado para o produto, portanto, são mais fortes que as tarifárias', analisa.

Ele acrescenta, porém, que, mesmo que não existissem barreiras, a preservação ambiental da propriedade é uma prioridade, um questão de cidadania. 'Não me vejo administrando uma fazenda que eu não possa passar para os meus filhos a terra mais cuidada e em melhor condição do que quando eu a recebi', diz. 'Você não pode entregar uma terra degradada, e sim melhorada', argumenta Pineda, que cria gado nelore PO de seleção e produz leite a partir de um rebanho de gado girolando.

EurepGap tem regras sobre manejo de resíduos
As regras para a produção de bovinos do protocolo europeu EurepGap têm uma série de exigências sobre o manejo de resíduos dentro da propriedade, o que inclui o armazenamento correto de produtos químicos, fertilizantes e adubos orgânicos, para evitar a contaminação do solo e da água.

Segundo o diretor da OIA Brasil (Organização Internacional Agropecuária), José Amaral Wagner Neto, o armazém de agrotóxicos tem de ser mantido trancado, ter construção sólida, ser resistente a fogo e a intempéries e possuir contenção para derrame de produtos, inclusive combustíveis.

Também há requisitos sobre o uso da águas. Conforme explica, se a propriedade utilizar irrigação, é necessário ter a outorga do uso da água.

'Primeiro de tudo, o produtor deve cumprir a legislação ambiental do País, principalmente com relação às áreas de preservação permanente', diz Wagner Neto. Ele acrescenta que, além das regras específicas, o programa recomenda que o pecuarista participe de programas de preservação ambiental regional e tenha alguma ação desenvolvida para a preservação da flora e da fauna silvestres na propriedade.

OESP, 27/09/2006, Agrícola, p. G9

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