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As antenas do Brasil longínquo

A Rede
30 de Jun de 2005

As antenas do Brasil longínquo
Sem discriminação, o programa Gesac, do Ministério das Comunicações, dá conexão à internet em alta velocidade, via satélite, para escolas, telecentros, unidades militares, ONGs, cooperativas, entre outras iniciativas que já atendem a 4 milhões de pessoas.

Fátima Xavier

"Useniri bureko nirotia
Tugeñare, wakure nirotia
Useniri bureko nirotia
Utapinoponape biro hiawã
Añurere, buerere, masire
Wedesere niawuto... bueriwipu..."

Ou seja: "Hoje é um dia muito feliz/Dia de muitos pensamentos e idéias/Um
dia alegre/Dos Tuyuka falarem/Dos conhecimentos e estudos, das coisas
boas/Do que temos conversado na escola".

É com essa canção que os tuyuka traduzem a nova realidade da população indígena do município de São Gabriel da Cachoeira, noroeste do Estado do Amazonas. Muito além da cartilha e da tabuada, os índios da Cabeça do Cachorro, como Éa região é conhecida, estão conectados à rede mundial de informação através de pontos de presença (PP) do Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac), programa do Ministério das Comunicações. Com "os conhecimentos e estudos" citados na canção e adquiridos com a ajuda dos educadores digitais, os índios do Alto Rio Negro já conseguiram, por exemplo, dispensar os atravessadores para comercializar a produção da cestaria baniwa diretamente para a empresa Flores Online e a Tok&Stok, cadeia de varejo de móveis e objetos de decoração.
Por meio de um sistema de comunicação via satélite, o Gesac garante o acesso rápido à internet, atualmente, a cerca de 4 milhões de pessoas, em 3,2 mil pontos de presença equipados com antenas VSAT. De acordo com o diretor de inclusão digital do Ministério das Comunicações, Antônio Albuquerque Neto, outros 1,2 mil pontos serão incorporados ao programa até dezembro, formando, assim, a maior rede pública de conexão à internet, que saltará para 6 milhões de cidadãos atendidos no Brasil no fim de 2005. Com isso, ele destaca que o programa vai promover um crescimento no número total de internautas no país de 18 milhões para 24 milhões de pessoas.
Do conjunto de pontos de presença, 75% (ou 2,4 mil) estão instalados em escolas municipais e estaduais, 400 em postos militares, 100 no Programa Fome Zero e o restante (300) em associações, sindicatos, organizações não-governamentais (ONGs), telecentros, com mais de 18 mil computadores conectados. Dessas máquinas, 4,5 mil usam software livre em servidores e desktops, total que deve chegar a 11 mil até o fim do ano, de modo a reduzir os gastos com licenças.
Articulação necessária
Em muitos casos, é o Gesac o único canal de comunicação da população. Por isso mesmo, faz toda a diferença para as populações que beneficia. Criticado por muitos, quando do seu lançamento, por ser apenas um programa de conexão à internet, sem mecanismos de articulação da comunidade para permitir uma inclusão digital e social real, o Gesac foi avançando ao longo do tempo. Ampliou a oferta de cursos de capacitação, criou as coordenações estaduais em articulação, principalmente, com Secretarias de Educação, já que seu maior público são as escolas, estimulou a formação de monitores. "O Gesac estabeleceu uma maior relação com os parceiros para integrar as comunidades no programa. Enfrenta dificuldades até porque as escolas são reticentes em abrir os laboratórios de informática para as comunidades", observa Rodrigo Assumpção, coordenador do Comitê de Inclusão Digital do Governo Eletrônico. A correção de rumos também é saudada por Paulo Lima, diretor-executivo da Rede de Informações do Terceiro Setor-Rits. Ele observa, no entanto, que o Gesac não pode pretender ser um programa de inclusão digital por si só, mas tem que se articular com as organizações, quaisquer que sejam elas, que fazem inclusão digital na ponta - e, principalmente, deve trabalhar integrado às comunidades. "É preciso que os programas federais se integrem entre si e com as iniciativas desenvolvidas nas esferas estadual e municipal, para que a política de inclusão digital ganhe escala. Como os recursos são escassos, os programas precisam ser integrados para aumentar o impacto na sociedade, especialmente para incluir os que estão no final da fila", diz.
As eventuais deficiências do Gesac são reconhecidas até por seu coordenador, que reclama da dificuldade em estabelecer uma efetiva colaboração entre as diversas iniciativas de inclusão do governo federal. "O que existe são programas de ministérios", queixa-se Albuquerque. Mais difícil ainda, comenta, é executar programas envolvendo os três níveis de governo: federal, estadual e municipal. Apesar das dificuldades, o Gesac está tentando se descentralizar e incentivar parcerias, como as que já existem com governos estaduais, Eletronorte, Embrapa, Fundação Banco do Brasil, o próprio BB, o Fome Zero, entre outros, e com instituições privadas e ONGs.
E os resultados são visíveis para qualquer um que tenha oportunidade de visitar um ponto Gesac, especialmente os que cobrem comunidades localizadas em regiões mais distantes, no chamado Brasil profundo, ou mesmo em periferias de regiões metropolitanas, onde a rede das operadoras de telecomunicações não chega. Ele é a grande ferramenta do governo para tirar do papel qualquer projeto de inclusão social, como os que se acumulam nas gavetas de estados, prefeituras, ONGs e de outras instituições que, sem o satélite, não seriam viáveis a curto e médio prazo.
Em todo lugar A partir da conectividade via satélite, o Gesac pode garantir acesso à internet em banda larga, na velocidade de 2 Mb por segundo, com possibilidade de trasmitir voz - projeto que será deflagrado este ano -, rádio e televisão sobre IP (o protocolo da internet). O Gesac fornece um kit com antena e modem para conexão em banda larga, um servidor, uma impressora, assistência técnica permanente, monitoramento, capacitação para as pessoas que irão atuar nos pontos de presença. E estimula parcerias com instituições públicas e privadas para a aquisição de micros e para reforço na capacitação de educadores. O acesso é público e gratuito. E o programa fornece um pacote de serviços de software livre, que inclui e-mail, aplicativos de escritório, laboratório virtual e hospedagem de páginas no site do programa, onde também há canal de notícias e sala de debates (Rau-tu). Os cursos de capacitação de educadores digitais indicadospela própria comunidade pretendem a aplicação de metodologias para o uso adequado e aproveitamento máximo do equipamento e administração do espaço em projetos que beneficiem as comunidades.
A apropriação comunitária das conexões estabelecidas com antenas Gesac varia. Pode servir para complementar a educação básica, como na Escola Indígena Baniwa Coripaco Pamaáli, na região amazônica, ou para fomentar arranjos produtivos locais, negócios e cooperativas - caso de um grupo de pescadores de Cabo Frio (RJ). Ou para as duas coisas simultaneamente, como aconteceu em Mineiros (GO), onde o laboratório de informática da escola foi instalado em um centro de convivência e fortaleceu o trabalho de uma comunidade de quilombolas com ervas medicinais. Em telecentros, como aquele criado em parceria com a Eletronorte junto ao rio Xingu, também pode, simplesmente, servir para ampliar o repertório geral das pessoas e fomentar idéias para a solução de problemas locais.
Canal da floresta
Com 95% da população de origem indígena e possivelmente o lugar mais plurilíngüe das Américas, São Gabriel da Cachoeira (AM) conta com três pontos de presença. São 112 mil quilômetros quadrados (maior que Portugal ou Santa Catarina), onde se falam 22 línguas indígenas de quatro troncos lingüísticos diferentes (Tupi-Guarani, Tukano Oriental, Maku e Aruak). Uma das antenas do Gesac fica na escola Indígena Baniwa Coripaco Pamaáli. Por falta de energia elétrica, foi preciso adaptar células solares nos equipamentos para fazer a conexão. Pamaáli, assim como a escola dos Tuyuka, adota projetos políticos e pedagógicos totalmente elaborados pelas comunidades, a partir de suas necessidades, entre elas a valorização das línguas nativas.
Outro ponto de presença foi instalado como telecentro, há um ano e meio, na Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), que representa 750 comunidades indígenas com 35 mil índios. É resultado de um trabalho conjunto do Gesac, da Foirn, do Ministério da Educação, e da ONG Instituto Socioambiental (ISA) - que também atuam na Escola Pamaáli -, e da multinacional IBM.
No telecentro da Foirn, as comunidades elaboram documentos, fazem edição de texto e pesquisas. São seis computadores IBM que apoiam tarefas didáticas de professores e alunos, sempre em pelo menos duas línguas, e que acessam a internet para divulgação de produtos - artesanato, principalmente -, elaboração e divulgação de boletins informativos e para a busca de financiadores e novos parceiros.
A equipe do ISA na região é formada por antropólogos, demógrafo, pedagoga, agrônomos, engenheiro de pesca, administrador, entre outros. Segundo o administrador da Foirn, Roberto Barão, a iniciativa é uma grande conquista dos povos indígenas, "que precisam se comunicar com o mundo, ter reconhecimento e se atualizar". O terceiro ponto na região está com a Fundação Banco do Brasil.
Pequeno e notável
Ainda na região Norte, outra parceria foi estabelecida com a Eletronorte. Em Vitória do Xingu (PA), lá onde o rio se estreita na Amazônia de terras altas, a empresa se juntou ao programa do Minicom para apoiar um dos 166 pontos espalhados pelo Pará. O telecentro de inclusão digital de Vitória do Xingu foi inaugurado há um ano e três meses, período em que recebeu mais de 4 mil pessoas. Um curso básico de informática formou 280 alunos, parte deles transformada em multiplicadores do conhecimento adquirido. A maioria jamais havia se deparado com um computador. Foi o caso de Daniel Solto, de nove anos, estudante da 3ª série do ensino fundamental, apelidado de "pequeno notável". Filho de um funcionário da Limpeza Pública, ele orienta as crianças que chegam pela primeira vez ao telecentro.
O ponto de presença permite a conexão de 12 micros instalados numa sala do Espaço Eletronorte. A procura é tão grande que o controle de entrada e saída se tornou inevitável. Cada visitante tem de 30 a 45 minutos para utilizar a máquina. Para Francisco Portela, ex-coordenador do telecentro e atual responsável pelas atividades culturais do Espaço Eletronorte, foi a melhor coisa que aconteceu na cidade nos últimos dez anos. Ele explica que o curso básico de informática aplicado em Vitória do Xingu é organizado de forma que parte da carga horária é dedicada também ao uso de livros. "Hoje, é como se o telecentro fosse o shopping da cidade", diz.
O relatório elaborado pela Eletronorte, referente ao mês de maio, informa que 1.505 pessoas usaram o telecentro: 925 buscaram entretenimento; 243, pesquisas diversas; 237 acessaram chats, enviaram ou receberam e-mails e fizeram compras; 44 pesquisaram sobre religiões e 56 leram o noticiário. A maior parte desses usuários (46,1%) tinha entre 11 e 16 anos, seguidos pela faixa etária de sete a dez anos de idade. Somente 11,1% eram adultos na faixa de 21 a 55 anos. Entre os trabalhadores, registraram a presença de garis, pescadores, estivadores, carregadores de barco e funcionários públicos. Cerca de 400 já fizeram curso de informática. Os aplicativos disponíveis são sistema operacional GNU/Linux, Gnome (interface gráfica), Mozilla/Galeon (navegador e desenhos digitais) e OpenOffice (textos e planilhas). Todos de plataforma livre.
Erva de quilombo
No outro extremo, na região central do país, o acesso à Comunidade do Cedro, um quilombo localizado no Município de Mineiros, em Goiás, é feito pela rua da Igreja de São Bento. A estrada de cinco quilômetros que separa a cidade do povoado é de chão. Logo se sente um cheiro muito bom de ervas e mel. Estão preparando um xarope expectorante à base de cravo, canela, entrecasca de angico e de ipê roxo, alfavaca, sálvia, açafrão, sabugueiro e poejo, que será vendido na pequena farmácia da comunidade.
Ali, numa área de 50 alqueires, vivem 150 pessoas de 54 famílias, todas parentes de Chico Moleque, um escravo que conseguiu comprar a sua alforria e fundou o Cedro no final do século passado. Desde fevereiro de 2003, a comunidade conta com um laboratório de informática, com cinco computadores, uma impressora e internet conectada 24 horas. O laboratório, parceria entre o Ministério da Educação/Proinfo (Programa Nacional de Informática na Educação) e o Governo de Goiás (Secretaria da Educação) está ligado à internet por um ponto de presença do Gesac. "No começo, a gente usava muito o laboratório para fazer os rótulos dos remédios, mas as crianças aprendem fácil e vão colocando tudo no computador", fala Azú, como gosta de ser chamada Anesília Morais Pio, uma das coordenadoras do Centro Comunitário de Plantas Medicinais, projeto desenvolvido no Cedro e que ganhou impulso com a antena do Gesac.
Outra coordenadora, Ângela Maria dos Santos Morais, com 50 anos, sete filhos, 13 netos, nasceu no Cedro e gerencia o trabalho de manipulação das plantas medicinais nativas e cultivadas na comunidade. Ela conta que começou a conhecer as propriedades da calêndula e da sálvia, por exemplo, depois que aprendeu a fazer pesquisa no computador. "A gente entra em contato com outras comunidades que trabalham com manipulação de plantas e troca experiência com eles. Isso é muito importante, não é?".
O laboratório é utilizado por todos e foi instalado no Cedro depois que um trabalho de alunos do Colégio Estadual Carlos Antônio Paniago, de Mineiros, foi apresentado em um Encontro Nacional do Proinfo, em 2002. O Centro tem uma minifarmácia, um laboratório de manipulação das ervas e um quiosque, que é a área onde as pessoas sentam para conversar. Um modem quebrado tirou a conexão do ar, durante o mês de maio. Mas ela voltou a funcionar antes do feriado de Corpus Christi.
Dois anos depois de sua inauguração, é possível conhecer um pouco da história e dos projetos desenvolvidos pela comunidade, acessando a sua página na internet (veja ao fim da reportagem). Aliás, todo o site é feito por jovens estudantes da comunidade, capacitados pelo Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) de Jataí (GO), da Secretaria Estadual da Educação.
Nos computadores, os estudantes estão arquivando a história de seus antepassadose abrindo novas janelas. Em breve, a convite da SEPPIR (Secretaria Especial para Políticas de Promoção da Igualdade Racial), a comunidade vai contar ela mesma a sua história, em um evento no Chile.
Entreposto de pesca
O presidente da Colônia de Pescadores Z-04, de Cabo Frio (RJ), Aldemir Soares dos Santos, 60 anos, 45 no mar, sonha, há muito tempo, com a possibilidade de construir um entreposto de pesca artesanal. Os pescadores precisam de novos clientes, conhecer prováveis revendedores, ter acesso a outros postos de abastecimento e, principalmente, buscar linhas de crédito para garantir a produção. Agora, um convênio entre a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República (Seap) e o Banco do Brasil garantiu a instalação de dez computadores e um ponto de presença do Gesac. Quem sabe viabilizam um entreposto virtual?
De acordo com Aldemir, a produção da Colônia de Cabo Frio é de 300 toneladas por mês. São cerca de 370 barcos de pesca artesanal e 22 embarcações de pesca industrial, que proporcionam aos 3 mil pescadores associados uma renda líquida de não mais que um salário mínimo por mês para cada um. A despesa é grande. Eles precisam, por exemplo, de uma fábrica de gelo, e de uma bomba de óleo diesel para o abastecimento dos barcos, entre outros itens. "Cada vez que um barco sai (para o mar), por apenas três dias, gasta até R$ 2 mil", diz o presidente. "Peixe tem: é enchova o ano todo, dourado no fim de ano, pescada, pargo (vermelho), camarão". Lagosta está mais escassa.
Conversando outro dia com um pescador de mergulho, Aldemir soube que não estão conseguindo mais do que quatro quilos de lagosta por longas horas de trabalho. Aldemir e seus liderados sabem que a mera instalação de computadores não resolve. Muitos, segundo a secretária da Colônia, Ângela Oliveira, mesmo obrigados a utilizar os caixas eletrônicos de bancos, ainda morrem de medo da máquina. "Vão ter que perder o medo, se quiserem acessar a internet", afirma ela. Os pescadores contam já com dois monitores e um técnico, jovens de famílias de pescadores que fizeram curso de 30 dias, em um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), no Município de São Mateus (ES), em janeiro. Pretendem também criar o conselho gestor que, inicialmente, ficará subordinado à Seap. No momento, o telecentro está fora do ar, porque a sala passa por reformas, mas a festa de reinauguração já está sendo organizada.
A meta do Projeto de Inclusão Social para Pescadores da Seap é instalar, este ano, pelo menos um telecentro com ponto de presença Gesac por estado, e dobrar esse número em 2006. A Secretaria está preparando programas que possam ajudá-los a acessar informações específicas da pesca, mercados internacionais e bancos de dados para subsidiar a análise da situação pesqueira da comunidade. As comunidades que quiserem ter um telecentro de inclusão digital devem se organizar, dispor de espaço, de mobiliário e de instalação elétrica, se houver. Numa segunda fase, a gestão do telecentro fica com a comunidade, que deverá formar conselhos para dar continuidade ao projeto.
Colaboraram Lia Ribeiro Dias e Régia Laranjeiras (de Goiás).

www.idbrasil.gov.br o Portal Inclusão Digital do Programa Gesac com a lista de pontos de presença e várias ferramentas e serviços, como o RAU-TU, sistema de perguntas e respostas para compartilhamento de conhecimentos, A Teia, área pública para divulgação de idéias, noticias e projetos desenvolvidos na comunidade IDBrasil.
www.socioambiental.org o ONG Instituto Socioambiental (Isa).
www.eletronorte.gov.br o Eletronorte.www.belomonte.gov.br o Site do polêmico projeto hidrelétrico Belo Monte, da Eletronorte, no Rio Xingu, atingindo o município de Altamira e Vitória do Xingu. Poderá ser o terceiro maior aproveitamento hidrelétrico do mundo, com 11.182 MW de potência instalada.
www.planalto.gov.br/seap o Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca da Presidência da República (Seap), responsável pelo Projeto de Inclusão Digital para Pescadores.
www.floresonline.com.br o Empresa com a qual o Instituto Socioambiental intermediou parceria para a comercialização de arranjos de flores com cestas confeccionadas pelos índios Baniwa, que vivem em aldeias localizadas na região do Rio Negro, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM).
www.tokstok.com.br o Site da rede de lojas Tok&Stok, de móveis e decoração, que vende a linha de cestas Urutu, feita pelos índios Baniwa.
http://geocities.yahoo.com.br/comunidade_cedro o Página do Centro Comunitário de Plantas Medicinais, da Comunidade do Cedro, em Mineiros (GO).

O Maciço do Baturité, em rede.
A renovação da diretoria da Escola de Ensino Fundamental e Médio Menezes de Pimentel, do município cearense de Pacoti, agora comandada pela professora Eliane Leite Araújo, e a pressão da coordenação regional da Secretaria da Educação - se não usassem mais a sala de informática, poderiam perder a conexão à internet -, provocou uma revolução dentro do mais tradicional colégio da cidade, que comemora 67 anos em 2005, como revela o quadro mural que enfeita a sala de reunião. Montado em 2000, com recursos do Proinfo, do Ministério da Educação, o laboratório de informática, que, em 2003, ganhou conexão à internet graças a uma antena do Gesac, era praticamente uma peça de decoração. A principal razão, dizem os atuais gestores da escola, era o medo de que os alunos estragassem os equipamentos.
Um medo não só ao novo, mas também decorrente de um problema real: não havia recursos para manter um professor alocado no laboratório de informática, nem iniciativa para estimular a monitoria gratuita. Tão logo foi eleita diretora, Eliane Araújo e seus companheiros decidiram reverter o jogo para manter o laboratório e foram à luta. Conseguiram que a coordenadoria pedagógica da Seduc liberasse cem horas de um professor, para colocá-lo como monitor do laboratório. A tarefa coube à professora Waldelice Lopes, que conta com a ajuda de duas alunas voluntárias. A infra-estrutura de apoio e treinamento já deu resultados: Waldelice exibe, orgulhosa, a lista de presenças no laboratório. No livro grosso de capa preta, inaugurado no dia 2 de março deste ano, 1.875 visitas registradas até 3 de junho.
Como não existem registros anteriores, não há como avaliar o aumento do uso do laboratório. Mas a mudança é atestada por todos os alunos - cada um tem seu e-mail - que, no momento da nossa visita, trabalhavam na sala de informática. William Lima, 15 anos, aluno da 8ª série, conta porque antes usava pouco o laboratório. "Eu tinha medo de esculhambar o computador. Com o apoio da d. Waldelice e das monitoras, é tranqüilo", diz William, envolvido com uma pesquisa sobre o turismo em Pacoti - localizada no Maciço de Baturité, Pacoti oferece aos visitantes muitas trilhas e cachoeiras, além da banana mais saborosa do Ceará, na versão de Diógenes Luz, professor de Matemática e responsável pela área de informática na prefeitura local.
Antena compartilhada
A atividade intensa do laboratório de informática - a escola estuda a possibilidade de abrí-lo aos sábados para as famílias dos estudantes - já começa a provocar um problema concreto. Como a antena Gesac da escola atende também à Ilha Digital da cidade, uma parceria do Governo do Ceará com a prefeitura, instalada na biblioteca municipal em frente à Menezes de Pimentel, quando todos os computadores são ligados ao mesmo tempo a rede não conecta. "Isso porque a antena só suporta bem dez computadores, e os da escola somados aos da Ilha são 14. Temos que administrar esse problema", diz o professor Diógenes, um dos que participou de um treinamento, em março, feito por uma equipe da Cidade do Conhecimento, da USP, em parceria com a do Maciço de Baturité, região que vive da agricultura - é o maior produtor de chuchu do Ceará - e, agora, do turismo. "A idéia é criar a Rede do Maciço, já que, dos 13 municípios da região, 11 têm ponto de presença do Gesac", conta Diógenes. No treinamento, eles produziram no computador, com o apoio dos técnicos da Cidade do Conhecimento, o boletim "O Maciço em Rede". Segundo Tiago Guimarães, coordenador do projeto Baturité na Cidade do Conhecimento, essa foi uma experiência piloto. Envolveu, também, a produção de informações sobre a realidade dos municípios do Maciço na rádio comunitária de Baturité. No momento, as entidades discutem a continuidade da parceria. (Lia Ribeiro Dias)

A Rede, jun 2005 (www.arede.inf.br)

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