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ANP vai usar caso Chevron para rever prevenção em casos de vazamento

OESP, Vida, p. A14
21 de Mar de 2012

ANP vai usar caso Chevron para rever prevenção em casos de vazamento
Ambiente. Empresas estrangeiras deverão se adequar a padrões mais rígidos de transparência na divulgação de dados em caso de acidente; Justiça dá 24 horas de prazo para que 15 executivos de petroleiras envolvidas no vazamento entreguem seus passaportes

SABRINA VALLE, FELIPE WERNECK, RIO

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) vai usar o caso Chevron para reavaliar os procedimentos de prevenção, ação de contenção e transparência na divulgação de dados de eventuais vazamentos no País. A ANP quer que os acidentes no Campo de Frade, na Bacia de Campos, sirvam de exemplo especialmente para as empresas estrangeiras que estão se instalando no Brasil.
Ontem, a Justiça Federal em Campos determinou que 15 executivos e funcionários da Chevron e da Transocean terão prazo de 24 horas, a partir da notificação, para entregar seus passaportes. O procurador Eduardo Santos, do Ministério Público Federal, foi o autor do pedido de medida cautelar que resultou na proibição de que 17 pessoas ligadas às empresas se ausentassem do País sem autorização judicial até o julgamento da ação.
Santos disse que não descarta pedir à Justiça a prisão preventiva de envolvidos. "O crime está em andamento, por isso eu não descarto (pedir) a prisão." Hoje, o MPF deve formalizar a denúncia contra as empresas, com base na lei de crimes ambientais.
O presidente da Chevron no Brasil, George Buck, que está na lista dos que deverão apresentar o passaporte, foi convocado na sexta-feira pela ANP para prestar esclarecimentos. A ANP não comenta a pauta do encontro.
Buck teria sido cobrado sobre o atraso de quase dez dias na comunicação à ANP do vazamento deste mês e do afundamento no terreno onde foi aberta uma fresta de 800 metros por onde vaza o óleo, além de ter parado a produção antes de aval do órgão regulador, entre outros assuntos.
Também foi abordado o fato de dados sobre o acidente terem saído na imprensa internacional antes da comunicação formal à agência. A Chevron homologou um pedido de suspensão de produção na ANP na semana passada, numa decisão tomada com o respaldo da Petrobrás - sócia do empreendimento com 30% de participação. Porém, a suspensão aconteceu antes que a ANP analisasse os dados técnicos, o que fere as normas regulatórias.
A Chevron tinha prazo até ontem para cumprir notificação do Ibama, que requereu dados detalhados sobre as ações tomadas após o novo vazamento. O relatório foi entregue no fim da tarde. Encaminhado para técnicos do Ibama, será discutido hoje em reunião do comitê de acompanhamento do acidente.
Sobrevoo realizado ontem pela Marinha aponta que a mancha da fina camada de óleo na área do Campo de Frade está se reduzindo, informou a ANP.
Mudanças. O secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc, encaminhou ofício ao presidente do Ibama, Curt Trennepohl, à diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, e ao delegado da PF Fábio Scliar sugerindo mudanças na exploração de petróleo. O objetivo é aperfeiçoar a segurança e a prevenção de acidentes.
Minc quer mudar procedimentos relativos à apresentação de estudos geológicos, riscos associados e medidas de segurança ambiental. Ele solicita, entre outras medidas, o monitoramento sistemático das áreas de exploração de petróleo por satélites.
No relatório sobre o acidente no Campo de Frade, Scliar cita entrevista feita pelo Wall Street Journal em 2008 com o então presidente da Chevron para a América Latina, Ali Moshiri, na qual ele admite o risco das perfurações no local. Para Scliar, a entrevista "robustece" o relatório.
O documento detalha o que a Chevron faz para conter e monitorar o vazamento. Não há informações explosivas. As conclusões sobre o que de fato acontece na área dependem de novos estudos e devem demorar.

OESP, 21/03/2012, Vida, p. A14

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