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Animais exóticos ameaçam espécies nativas do estado

O Globo, Rio, p. 21
01 de Out de 2008

Animais exóticos ameaçam espécies nativas do estado
Uma ave e 2 tipos de mico correm risco de desaparecer

Luiza Valle

O aumento da população de animais que chegaram ao Rio pelas mãos do homem - e que não fazem parte do nosso ecossistema - pode estar acelerando o processo de extinção de pelo menos três espécies nativas do estado. Juntamente com a falta de controle e de informação, esse crescimento pode fazer com que espécies como o formigueiro-do-litoral, uma das quatro aves mais ameaçadas do mundo, o mico-da-serra e o mico-leão-dourado, todos na lista de ameaçados de extinção, sumam de vez da paisagem.
Cruzamento entre espécies é outra ameaça
De acordo com o ecologista Adriano Paglia, da ONG Conservação Internacional, dois exemplos de animais exóticos que estão ameaçando a fauna do estado são os micos-do-cerrado e do nordeste, considerados hoje grandes inimigos de algumas espécies nativas. Eles foram introduzidos há alguns anos pelo homem na Mata Atlântica.
- Eles já estão afetando espécies como o mico-da-serra, nativo do Rio. Como eles são geneticamente parecidos, já foram verificados alguns híbridos dessas espécies. O problema desse cruzamento é que a tendência é a espécie perder suas características, desaparecer. Outra espécie que está sendo afetada pelos sagüis é o mico-leão-dourado. O que está acontecendo é uma competição entre eles. Já há relatos de que esses animais estão matando os filhotes de mico-leão - afirmou Paglia.
O mico-leão-dourado vem sofrendo também outra ameaça: a introdução do mico-leão-da-caradourada, em Niterói. A espécie, que também é ameaçada de extinção, vem da Bahia, mas foi introduzida recentemente no nosso estado. Ainda não há relatos de contato entre as duas espécies, mas a proximidade entre os municípios de Niterói e Silva Jardim, onde fica o Parque Nacional de Poço das Antas, reduto dos micos-leões-dourados, já começa a preocupar os biólogos. O problema, nesse caso, é justamente a hibridação, uma vez que as duas espécies são geneticamente próximas.
A ação dos micos, que comem os ovos do formigueiro-do-litoral, também está afetando essa espécie de ave, endêmica do estado e encontrada na faixa que vai de Saquarema ao início de Búzios, segundo a pesquisadora Maria Alice dos Santos Alves. De acordo com o superintendente do Ibama no Rio, Adilson Gil, o problema é que as pessoas criam animais silvestres como se fossem domésticos, como os micos:
- Esses animais não são dóceis, e acabam ficando ariscos.
Com medo, as pessoas acabam levando para os parques e as áreas públicas.

O Globo, 01/10/2008, Rio, p. 21

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