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Anglo American tem interesse na Vale do Rio Doce

Jornal do Brasil-Rio de Janeiro-RJ
Autor: Antônio José Soares
02 de Ago de 2002

Grupo brasileiro nega fusão que resultaria na maior mineradora mundial

A Anglo American, gigante do ramo da mineração, está interessada na Companhia Vale do Rio Doce, diversificado grupo brasileiro do ramo. Segundo o jornal britânico Financial Times vários bancos de investimentos estudam a possibilidade de uma fusão entre as empresas. O negócio criaria a maior mineradora do mundo.
A Anglo foi uma das companhias que participaram da concorrência que privatizou a Vale em 1997. Em entrevista ao jornal inglês no mês passado, o executivo-chefe da empresa, Tony Trahar, afirmou que não havia negociações oficiais em curso, mas reconheceu que a Vale era ''uma companhia muito atraente''.
A Vale do Rio Doce alega não estar negociando qualquer fusão com a Anglo ou com qualquer outra empresa. ''Não estamos considerando nenhuma medida desse tipo'', afirmou um porta-voz da companhia.
Segundo uma fonte credenciada no grupo brasileiro (maior exportador de minério de ferro do mundo), a Anglo nem teria tanto a oferecer para fazer crescer os horizontes da Vale. A gigante da África do Sul enfrenta hoje uma maré ruim: suas ações no mercado internacional acumulam queda de 20% no último mês. Já a Vale, é uma blue-chip não só no Brasil, mas também em Nova York. Ainda segundo esse executivo da Vale, se fosse para buscar parceria de peso, deveria ser com um grupo que acrescentasse mais, como a Rio Tinto. No entanto, nada disso está sendo ventilado.
Para o mercado internacional, a Vale é considerada a melhor mineradora posicionada em termos de recursos geológicos naturais, além de ser um ícone da indústria do país, com capitalização de mercado da ordem de US$ 9 bilhões.
Fontes ligadas à Vale informaram ao jornal britânico que o presidente da empresa, Roger Agnelli, estuda opções estratégicas para o grupo, que vem sofrendo com o alto custo do capital, situação que se agrava com a escalada da taxa de risco do Brasil. Analistas do setor bancário acreditam que uma fusão com a Anglo atenuaria essa percepção de risco.
Como o governo brasileiro tem uma participação acionária que lhe garante poder de veto a qualquer decisão na companhia, não se espera que as negociações sejam anunciadas oficialmente antes das eleições presidenciais no Brasil.
Vale está de olho no cobre
Belém - A partir de 2009, a Companhia Vale do Rio Doce vai faturar cerca de US$ 1 bilhão por ano com a exportação de cobre extraído no Pará. Isso equivale ao faturamento total da empresa com a exportação de ferro, manganês e ouro, também explorados em território paraense. Mas o cobre a ser extraído da província mineral de Serra dos Carajás não deverá ter reflexos significativos na economia do Pará, porque, como o minério de ferro e outros minerais explorados no Estado, será todo destinado à exportação.
Para atingir o faturamento esperado, a empresa fará um investimento de US$ 2,5 bilhões ou cerca de R$ 7 bilhões, nos próximos sete anos. Com a produção de cobre do Sudoeste do Pará, o Brasil se tornará, na pior das hipóteses, o sexto maior produtor mundial do minério, sem, entretanto, deixar de importar as 300 mil toneladas anuais de concentrado.
Há sete anos, a Vale ensaia a inclusão do cobre existente em Carajás na sua pauta de exportação. Primeiro, anunciou a decisão de montar uma usina na região de Marabá, para beneficiar a matéria-prima extraída da Mina do Salobo. Mas, quando a empresa foi privatizada, em 1997, seus novos controladores acharam por bem procurar um parceiro internacional. Por fim, acabaram por adiar o projeto. Foram assinados acordos com o governo do Pará e, finalmente este ano, a Vale começou a se preparar para ingressar no mercado externo de cobre.
Há duas semanas, o diretor de operações da CVRD, Marcelo Bastos, disse que a empresa está incluindo o cobre no seu portfólio, constituindo até então por ferrosos, bauxita, alumínio, caulim, energia e logística, o que poderá consolidar a sua posição de primeira multinacional brasileira. Bastos assinalou que o cobre a ser extraído no Pará sairá das minas com 75% de valor agregado, e que os valores agregados seguintes ocorrerão somente na fundição.

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