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Angela Merkel preocupada

CB, Política, p. 4
15 de Mai de 2008

Angela Merkel preocupada

Silvio Queiroz
Da equipe do Correio

A coincidência com a visita a Brasília da primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, contribuiu para dar uma medida da repercussão externa da saída da ministra Marina Silva. Na coletiva conjunta dos dois governantes, no Palácio do Planalto, Merkel falou do respeito internacional com que contava a ex-titular da pasta do Meio Ambiente e se disse "alegre" com as garantias de Lula quanto à continuidade da política ambiental do governo. Mais cedo, porém, durante encontro com os jornalistas alemães que acompanham a comitiva, o tom da premiê foi outro: a demissão de Marina, disse, "é um sinal de alerta".

Embora de domínio doméstico, a mudança no ministério se produziu em momento delicado para a política externa brasileira, quando os biocombustíveis estão sob ataque cerrado na Europa, inclusive por parte de correligionários de Merkel. Não por acaso, o tema esteve no centro da agenda da visita, que culminou com a assinatura de um acordo de cooperação no setor energético, inclusive para a pesquisa de novas gerações de biodiesel.

A notícia da demissão de Marina Silva caiu no colo da premiê logo após o desembarque em Brasília, na noite de terça-feira. No trajeto entre a Base Aérea e a embaixada alemã, Merkel examinou uma pasta com informações preparatórias para a visita - e a queda da ministra era a primeira delas. Marina Silva era o nome mais conhecido do governo Lula na Alemanha, depois do ministro Gilberto Gil - este "principalmente pela carreira musical", segundo uma fonte.

Duas semanas atrás, quando recebeu o ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, Marina foi enfática na defesa da política ambiental do governo Lula, em particular quanto à preservação da Amazônia. Foi tão convincente que motivou Gabriel a dar seu aval ao etanol brasileiro. De volta a Berlim, na semana passada, ele rebateu no Parlamento as críticas da oposição ambientalista e de esquerda e garantiu que a produção de biocombustíveis no Brasil "não ameaça a floresta". A primeira-ministra engrossou o coro e, em entrevistas à imprensa alemã, reafirmou a determinação do governo em cumprir as metas fixadas pela União Européia para elevar a 20%, até 2020, a participação das fontes renováveis na matriz energética dos 27 países-membros.

CB, 15/05/2008, Política, p. 4

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