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Andes podem explicar diversidade amazônica

OESP, Vida, p. A33
12 de Nov de 2010

Andes podem explicar diversidade amazônica
Estudo assinado por brasileiros mostra que explosão no número de espécies ocorreu há 10 milhões de anos, bem antes do que se pensava

Alexandre Gonçalves

O surgimento dos Andes influenciou de forma decisiva a imensa biodiversidade na Amazônia. A explosão no número de espécies ocorreu há cerca de 10 milhões de anos, quando a alteração do relevo e do curso dos rios provocou o surgimento de um mosaico de habitats sem comunicação entre si. A datação contraria teorias de que a riqueza de espécies teria começado há "apenas" 2 milhões de anos.

As conclusões aparecem em um estudo divulgado ontem pela revista Science. O trabalho contou com a participação de quatro autores brasileiros.

Ha cerca de 23 milhões de anos, os Andes começaram a emergir no norte da America do Sul. Ate então, a cordilheira estava confinada ao centro e ao sul do continente.

O evento geológico provocou mudanças significativas na paisagem. "As formações montanhosas e a mudança no curso dos rios produziram um mosaico de habitats onde animais e plantas permaneceram isolados", explica Francisco Negri, da Universidade Federal do Acre. "Com o tempo, eles evoluíram e produziram diferentes espécies."

O trabalho foi coordenado por Carina Hoorn, da Universidade de Amsterdã, e pelo biólogo Alexandre Antonelli, brasileiro que vive na Suécia e chefia o Jardim Botânico de Gotemburgo.

Ao analisar dezenas de gêneros de animais e plantas da floresta, Antonelli concluiu que a maioria das atuais espécies amazônicas é fruto de um processo evolutivo que começou há cerca de 20 milhões de anos.

O geólogo Jorge Figueiredo, da Petrobras, afirma que dados da empresa foram cruciais para os resultados do trabalho. Figueiredo trabalha com prospecção de petróleo. Ao estudar os dados coletados na região, percebeu que ofereciam informações valiosas sobre a origem do Rio Amazonas, essencial para a biodiversidade local. Ha um ano, ele publicou um artigo na revista Geology em que datava a origem do rio há 10 milhões de anos.

O pesquisador Douglas Riff, da Universidade Federal de Uberlândia, acredita que a descoberta dará mais destaque para a parte ocidental da Amazônia. " A influencia andina contribuiu para uma diversificação maior no oeste. No entanto, os estudos se concentram no leste."

Em outro trabalho, publicado na mesma edição da revista, cientistas do Instituto Smithsonian de Pesquisas Tropicais do Panamá estudaram os efeitos, sobre as florestas da Colômbia e da Venezuela, de um dos episódios mais abruptos de aquecimento global dos últimos 65 milhões de anos, o Máximo Térmico do Paleoceno-Eoceno, ou MTPE.

Durante o período, ha cerca de 56,3 milhões de anos, as temperaturas aumentaram de 3 graus C a 5 graus C e houve uma explosão no numero de espécies. Para os autores, o estudo mostra que a floresta tropical pode resistir ao aquecimento, "em contraste com as especulações de que os ecossistemas tropicais foram ameaçados pelo calor" no passado. / com EFE

OESP, 12/11/2010, Vida, p. A33

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