O Globo, Rio, p. 18
16 de Set de 2017
Análises mostram que água da Baía está mais limpa este ano
Mar foi liberado para o banho em 52% dos exames; em 2016, só em 34%
Daniela de Paula, Guilherme Ramalho e Pedro Amaral
RIO - O primeiro fim de semana do Rock in Rio promete uma combinação perfeita de sol, calor, muitos turistas e 31 praias liberadas para banho na capital e em Niterói. As condições meteorológicas favorecem o mergulho. Há 15 dias sem chover, o Rio bateu recorde do dia mais quente do inverno, nesta sexta-feira, com os termômetros marcando 38,6 graus em Santa Cruz. Mas investimentos realizados nos últimos anos também ajudaram a melhorar a qualidade da água. Levantamento feito pelo GLOBO, com base nos boletins de balneabilidade do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), revela um aumento de 18 pontos percentuais no número de análises com resultado positivo para o banho no mar nas praias da Baía de Guanabara, que tem neste fim de semana 19 praias liberadas.
Das 2.092 coletas realizadas de janeiro a até a última divulgada nesta sexta, 1.082 estavam próprias (52% do total). No mesmo período do ano passado, o resultado foi 34%. O crescimento foi puxado, principalmente, pelas praias da Ilha de Paquetá, de Niterói e da Ilha do Governador, como Imbuca, Flechas, Icaraí e Bica. As praias da Zona Sul (Urca, Vermelha, Flamengo e Botafogo) tiveram um aumento de apenas 2 pontos percentuais.
APESAR DOS RESULTADOS, AINDA HÁ DESAFIOS
Devido à crise, projetos de monitoramento foram prejudicados
Desde julho do ano passado, a Praia da Bica, uma das mais frequentadas da Ilha do Governador, vem registrando índices positivos, segundo os boletins do Inea. Lá, um tronco coletor de esgoto foi construído, acabando com seis línguas-negras que corriam pela areia. Em Niterói, também houve avanços, principalmente na enseada da Praia de Jurujuba.
- Resolvemos várias línguas-negras. Melhoramos a captação em tempo seco do Canal de São Francisco e fizemos uma caixa de retenção de sedimentos - disse o velejador, ambientalista e vice-prefeito de Niterói, Axel Grael.
Os resultados positivos trazem esperança, mas o desafio de despoluir a Baía de Guanabara ainda é enorme, segundo o professor de engenharia costeira e oceanográfica da Coppe/UFRJ, Paulo Cesar Rosman. Hoje, devido à crise financeira do estado, os recursos secaram e muitos projetos de monitoramento da Baía foram afetados e até suspensos.
- Temos hoje uma dificuldade de acompanhar os dados. O estado está falido, e as ações realizadas na Baía foram muito pontuais. Temos que aproveitar o bom momento, pois pode ser passageiro - alerta o professor.
Anteontem, na Praia Bica, cerca de 15 pessoas tomavam sol na areia. A faixa em frente à Rua Henrique Lacombe estava própria para banho. Já a outra, em frente à Rua Uçá, imprópria. Apesar do resultado, ninguém se arriscou a mergulhar na parte considerada limpa, onde a água estava muito escura.
- Há mais de 35 anos que eu moro aqui, e a água da Praia da Bica sempre foi assim, nunca mudou. A diversão mesmo é sair de casa e curtir a paisagem - disse a comerciante Adriana Rodrigues.
O Globo, 16/09/2017, Rio, p. 18
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