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Ameaça constante

CB, Cidades, p. 33
01 de Jun de 2008

Ameaça constante
Número de processos por agressões à fauna, à flora e aos recursos hídricos quase triplicou de 2006 para 2007.Na capital, parcelamentos irregulares do solo e obras ilegais são os crimes mais cometidos

Helena Mader
Da equipe do Correio

Quase todo o território de Brasília está em área de proteção ambiental. Só a APA do Planalto Central, criada em 2002, cobre 60% do território. Ao todo, 93% das terras do Distrito Federal ficam em unidades de proteção, entre florestas nacionais, reservas de flora e fauna e regiões de preservação permanente. Mas as demarcações feitas para proteger o meio ambiente candango não foram suficientes. Os crimes ambientais estão crescendo na capital, o que coloca em risco a qualidade de vida e o futuro dos brasilienses.
Só no ano passado, foram abertos 445 inquéritos para apurar esses danos, número 198% superior à quantidade de processos instaurados em 2006, quando a Delegacia do Meio Ambiente (Dema) abriu 149 inquéritos. O número de processos praticamente triplicou em apenas um ano. Em grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, os principais crimes ambientais são a poluição do ar e de rios ou o tráfico de animais.
Já em Brasília, a maioria dos inquéritos, autuações e processos abertos por crimes ambientais está relacionada ao parcelamento irregular do solo ou às construções ilegais. A proliferação de condomínios e as edificações à beira de córregos e do Lago Paranoá colocam em risco os recursos hídricos da capital e desmatam o cerrado.
Na próxima quinta-feira, será comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente. Para lembrar a data, o Correio fez uma radiografia dos crimes ambientais cometidos na capital federal e levantou os danos mais comuns à fauna e à flora da cidade. Além das obras irregulares, as poluições sonora, do ar e dos recursos hídricos estão entre os problemas mais comuns. Quem destrói o bioma não prejudica apenas o meio ambiente, mas também cria problemas de abastecimento de água e contribui para o surgimento de epidemias de doenças transmitidas por animais silvestres.
Dos 445 inquéritos instaurados pela Dema em 2007, 70 foram decorrentes de parcelamento ilegal do solo. Duas décadas após a disseminação dos condomínios irregulares na capital, os grileiros ainda agem na cidade. Os criminosos fatiam a terra sem nenhum planejamento urbano e vendem ilegalmente lotes em áreas nobres, como o Lago Sul, e também em regiões mais carentes, como Ceilândia.
No condomínio Privê Morada Sul Etapa C, na região do Altiplano Leste, no Lago Sul, cinco pessoas já foram presas por crime ambiental e de parcelamento irregular do solo.
Depois de ocupar os terrenos, os moradores dos lotes ilegais fazem poços artesianos para manter o abastecimento de água e cavam fossas sépticas, para onde é enviado todo o esgoto produzido. Com o crescimento populacional dessas áreas, rapidamente o lençol freático é poluído pelos dejetos e o volume d'água, reduzido.

CB, 01/06/2008, Cidades, p. 33

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