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Ameaça concreta

Veja, Internacional, p. 70
28 de Set de 2005

Ameaça concreta
Aquecimento global causa multiplicação de furacões, como o Rita e o Katrina

Um novo furacão no Golfo do México serve como mais uma prova de que se tornou impossível ignorar os efeitos do aquecimento global, como VEJA publicou na edição passada. Pela segunda vez em menos de um mês, um furacão se aproximou da costa sul dos Estados Unidos com ventos de mais de 250 quilômetros por hora, o que os caracteriza como sendo de categoria 5, a mais potente. Na semana passada, mais de 2,5 milhões de pessoas tiveram de abandonar suas casas nos estados do Texas e da Louisiana para fugir das áreas por onde poderia passar o furacão Rita, que se aproximava da costa do Golfo do México. No fim do mês passado, outro furacão, o Katrina, já havia deixado mais de 1 000 mortos na região. Estudos recentes mostram que os furacões estão mais fortes e acontecem com mais freqüência devido às mudanças climáticas causadas pelo homem, através da emissão de gases poluentes que impedem a dispersão do calor da superfície terrestre. Dados da Administração Nacional do Oceano e Atmosfera, dos Estados Unidos, indicam que, enquanto na década de 70 ocorriam cinco furacões por ano no Oceano Atlântico, nos últimos dez anos essa média subiu para 7,8. Em 2005, oito desses ciclones já se formaram na região, e os meteorologistas prevêem que até novembro o número pode chegar a onze.
Um segundo estudo, do meteorologista americano Peter Webster, publicado há duas semanas na revista Science, uma das mais respeitadas do meio científico, revela que os ciclones também estão mais poderosos. Webster fez um levantamento de todas as tempestades tropicais que ocorreram no planeta desde a década de 70 e concluiu que praticamente dobrou o número de furacões das categorias 4 e 5 – os mais fortes na escala que mede a intensidade desses fenômenos. A prova de que o aumento da freqüência e da intensidade dos furacões tem a ver com o aquecimento global foi estabelecida em uma terceira pesquisa, realizada pelo climatologista americano Kerry Emanuel, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e publicada na revista Nature um mês antes da chegada do Katrina. Para que os furacões se formem é preciso que em determinada região dos oceanos as águas atinjam 26 graus até uma profundidade de pelo menos 45 metros. Como nos últimos trinta anos a temperatura média dos oceanos aumentou 0,5 grau, é natural que essas condições sejam alcançadas com mais freqüência e os furacões se tornem mais comuns, já que a evaporação da água alimenta as tempestades que vão se transformar em ciclones. Com as águas mais quentes, mais vapor d'água se forma, dando energia adicional aos furacões. Neste ano, outros dois furacões além do Rita e do Katrina atingiram a categoria 4. Em julho, o Dennis matou 60 pessoas em Cuba e no Haiti. Dez dias depois, o Emily provocou enchentes que geraram um prejuízo de 200 milhões de dólares no México.

Veja 28/09/2005, Internacional, p. 70

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