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Ambientalistas sofrem atentado

JB, Cidade, p.A15
01 de Mar de 2005

Ambientalistas sofrem atentado
Tiros são disparados contra a casa de dois integrantes de ONG ecológica
Ana Paula Verly
Cinco dias depois da morte de Dionísio Júlio Ribeiro Filho – do Grupo de Defesa da Natureza (GDN) –, a 200 metros da Reserva Biológica do Tinguá, em Nova Iguaçu, tiros foram disparados contra as residências de outros dois ambientalistas e contra a sede do grupo, no Centro de Tinguá, entre a tarde e a noite de domingo. A Polícia Federal investiga a possível ligação entre os casos. Segundo testemunhas, homens armados em um carro preto fizeram quatro disparos em direção a casa de Paulo Malvino, durante à tarde, quando a sede do grupo também foi alvo de disparos. Por volta das 23h, ainda foram disparados cinco tiros contra a residência do fiscal do Ibama Márcio das Mercês.
– Tive a impressão de que tinha sido alvejado. Foi horrível – contou o ambientalista, acrescentando que passou o resto da noite com outros membros do GDN, que foram apoiá-lo.
Paulo e Márcio combatem os palmiteiros e caçadores que atuam na Reserva do Tinguá, causa pela qual Dionísio pode ter sido assassinado. De acordo com Márcio, as testemunhas ainda não prestaram depoimentos por temer represálias. – Sabemos que há um grupo por trás disso. Esse quadro de terror espalhou medo na vizinhança – explicou o ambientalista.
De acordo com o deputado Carlos Minc (PT), que esteve ontem em Nova Iguaçu com o delegado Marcelo Bertolucci, que investiga o caso, vizinhos apontaram um homem como autor dos disparos. A polícia não revela o nome do suspeito para não atrapalhar as investigações.
Para o delegado Roberto Cardoso, da 58ª DP (Posse), responsável pela prisão, na última sexta-feira, do caçador Leonardo de Carvalho Marques, que confessou ter matado Dionísio Júlio, o caso está esclarecido:
– Ele confessou que agiu sozinho, por vingança. Não acredito na existência de outros envolvidos – disse.
Na tarde de ontem, Márcio foi escoltado até a Delegacia da Polícia Federal de Nova Iguaçu, onde registrou queixa. Apesar das ameaças, ele não quis proteção policial.
– Há muita política envolvida. Não é justo ter segurança individual quando toda a população vive na insegurança – comentou o ambientalista, anunciando para quinta-feira o início de uma greve de fome.
– A conservação da reserva depende de políticas públicas que garantam o sustento e a dignidade da comunidade. Minha luta é por isso – defendeu, informando que ficará em uma gaiola, no Centro de Tinguá, até que suas reivindicações sejam atendidas.
O deputado estadual Alessandro Molon (PT) enviou ontem ofício ao secretário de Segurança Pública, Marcelo Itagiba, para reforçar o pedido – feito em 24 de fevereiro – de máximo empenho na garantia de vida” aos 11 ambientalistas que sofreram ameças no Tinguá.
Uma missa em homenagem a Dionísio Júlio acontece hoje no Quartel Geral da Polícia Militar, às 14h, no Centro.

JB, 01/03/2005, p. A15

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