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Amazônia: devastação em áreas da União já é igual à do setor privado

Kaxiana - www.kaxi.com.br
14 de Out de 2009

Em agosto deste ano, o desmatamento na Amazônia Legal voltou a subir pelo segundo mês consecutivo, depois de um ano em queda, de acordo com a avaliação divulgada pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O aumento da devastação na região, de acordo com o Imazon, é resultado do programa Terra Legal, que está dando a posseiros títulos de terras públicas na Amazônia.

Pelos dados divulgados, em agosto deste ano, houve aumento de 167% na área desmatada com relação ao mesmo mês de 2008. Imagens de satélite detectaram que 273 km2 (quilômetros quadrados) de floresta foram derrubados. Em agosto de 2008, o SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento) indicou que essa área correspondeu a 102 km2.

De acordo com o Imazon, cerca de 46% desses 273 km2 podem ter sido desmatados antes. Isso porque, em meses anteriores, parte das regiões estava encoberta por nuvens, e não pôde ser observada. Pelos dados, o Pará lidera novamente a devastação florestal entre os nove estados da Amazônia Legal cobertos pela floresta, pois cerca de 76% das derrubadas em toda a região da grande floresta ocorreu em seu território.

O ranking da destruição da flora e da fauna amazônicas, de grande riqueza de biodiversidade, é completado por Mato Grosso (8%), Amazonas (6%), Rondônia (5%) Acre e Amapá (ambos com 2%) e Roraima (1%).

Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon, destacou que o crescimento da destruição da floresta indica que a tendência de queda - observada entre junho do ano passado e junho deste ano e comemorada pelo governo federal - não é mais uma realidade. Em julho deste ano, o desmatamento já havia aumentado 93%, de acordo com a organização não-governamental.

Segundo Adalberto Veríssimo, o dado "mais alarmante" é que, pela primeira vez, cerca de metade do desmatamento está ocorrendo em áreas sob a responsabilidade da União, e não mais em propriedades produtivas privadas - principal foco da fiscalização governamental, afirma.

Em agosto passado, 132 km2 foram destruídos em unidades de conservação e terras indígenas, por exemplo. Isso, de acordo com o pesquisador, mostra que a eficácia da atual política de combate à destruição da Amazônia pode estar chegando ao seu limite.

"É como assaltar a delegacia", diz, sobre a falta de controle do Estado sobre suas próprias áreas. Veríssimo afirma que está ocorrendo uma mudança também em relação ao objetivo da derrubada da mata.

Antes, a maior parte do desmatamento era produtivo e servia para abrir caminho para a agricultura e a pecuária. Agora, ele é majoritariamente especulativo e serve para garantir a posse da terra.

Adalberto Veríssimo vê dois fatores que aceleraram esse processo. O primeiro é a sinalização do governo de que deve negociar a diminuição de reservas ambientais e o segundo é a implementação do programa Terra Legal.

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