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Alternativa energetica

O Globo, Opinião, p. 23
Autor: MALTA, Sergio
13 de Set de 2014

Alternativa energética
Usina nuclear tem o menor impacto ambiental

Sergio Malta

A demanda por energia elétrica aumenta de forma contínua e inexorável para atender às necessidades do mundo moderno. Este processo impõe o desafio de formular políticas e planejar a expansão dos sistemas energéticos para garantir a oferta. Trata-se, assim, de buscar um equilíbrio entre a oferta e a demanda deste insumo fundamental.
Apesar dos recentes desenvolvimentos e avanços das fontes de energia renovável, impulsionados pelas incertezas do preço e oferta do petróleo, a matriz elétrica mundial continua baseada em combustíveis fósseis. A geração térmica representa 68% do total, sendo seguida pela hídrica, 15,8%; nuclear, 11,7%; e outras fontes renováveis, 4,5%.
Do ponto de vista ambiental, destacam-se dois problemas: o primeiro são as emissões de CO2 oriundas da geração térmica, uma vez que o setor elétrico foi responsável por 28% das emissões no mundo em 2012; o segundo se relaciona à ampliação da geração de energia hidrelétrica por interferir em ecossistemas que abrigam imensa diversidade de formas de vida estreitamente ligadas ao livre pulsar dos rios.
Para atender ao aumento da demanda sem comprometer o meio ambiente, a geração nuclear se torna uma alternativa de relevância para o planejamento energético. Entre 1971 e 2012, a participação da energia nuclear na geração mundial de energia elétrica foi de 2% a 11,7%. O acidente de Fukushima recolocou as centrais nucleares sob questionamento, provocando adiamentos nos investimentos.
Ainda assim, há atualmente 437 reatores nucleares em operação em 30 países. Os EUA detêm 104, e são o maior produtor mundial de energia elétrica de fonte nuclear. A França detém a maior participação de energia nuclear na matriz elétrica, de 75%, sendo o segundo maior produtor. Atualmente estão em construção 67 reatores nucleares.
A retomada do crescimento da energia nuclear deve-se à razão direta da necessidade de crescimento anual da oferta de eletricidade limpa, sem emissão de CO2.. O insumo da energia nuclear é o urânio, com densidade energética muito superior aos recursos fósseis e cuja geopolítica de reservas é bem menos problemática do que o petróleo.
Outras vantagens são que a usina nuclear tem o menor impacto ambiental nas emissões de CO2 e gera energia elétrica sem interrupção.
As incertezas sobre energia nuclear são principalmente relacionadas à segurança. Embora o reduzido número de acidentes possa ser interpretado como um indicador de segurança dessa rota tecnológica, os impactos sobre o meio ambiente e populações permanecem como um problema complexo, sobretudo no que se relaciona ao tratamento dos resíduos. Por outro lado, o parque mundial de reatores nucleares está envelhecendo, o que exigirá sua substituição por reatores mais modernos e seguros. Essas questões exigem esforço, recursos e pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias que garantam mais segurança. O Brasil não deve e não pode ficar à margem deste debate e do desenvolvimento científico e industrial desta fonte energética.

Sergio Malta é presidente do Sindicato Interestadual das Empresas de Energia Elétrica

O Globo, 13/09/2014, Opinião, p. 23

http://oglobo.globo.com/opiniao/alternativa-energetica-13925196

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