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Alertas indicam alta na devastação da Amazônia

Amazônia Real - http://amazoniareal.com.br/
Autor: Kátia Brasil
21 de Out de 2013

A taxa do desmatamento ilegal deste ano na Amazônia será anunciada pelo governo no mês de novembro. Mas, segundo especialistas, os dados dos principais sistemas de alertas do país indicam que houve aumento da devastação e degradação da floresta.

Os alertas mostram que a destruição cresceu, principalmente, nos Estados do Amazonas_ devido à pressão da agropecuária na região sul_ e do Pará, em razão das obras de hidrelétricas e do asfaltamento da estrada BR-163 (Cuiabá-Santarém).

O quadro atual é bem diferente daquele que aconteceu em 2012, quando a taxa anual de desmatamento caiu para históricos 29%, conforme os dados do Prodes (Projeto de Monitoramento de Desflorestamento na Amazônia Legal) coordenado pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Na Amazônia Legal o sistema de alerta Deter (Detecção de Desmatamentos em Tempo Real), do Inpe, detectou de 1o de agosto de 2012 a 31 de julho de 2013, a destruição de 2.766 km² de florestas, índice 35% maior do que o identificado no mesmo período, de 2011 a 2012, que foi de 2.051 km².

O SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento) coordenado pelo Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia) identificou um desmatamento ainda maior, de 90%. Entre 1o. de agosto de 2012 e 31 de julho de 2013 foram destruídos 2.007 km2 de florestas contra 1.053km², no mesmo período, entre os anos de 2011 a 2012.

Para o norte-americano Philip Fearnside, ecólogo do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), que estuda os impactos das obras de infraestrutura sobre a floresta amazônica há 37 anos, a atual temporada do desmatamento que ocorre geralmente entre os meses de maio a setembro já passou em toda a parte da sul da região. Portanto, segundo ele, os dados do Deter para 2013 podem ser usados para uma comparação anual, já que a cobertura completa do Prodes deve ser feita até agosto de 2014.

"Os dados de Deter indicam um aumento claro (de desmatamento) em 2013, comparado com 2012. Apesar do Deter detectar apenas clareiras de 25 hectares ou mais, este sistema de alerta do Inpe tem acertado em identificar grandes tendências no nível anual, ou seja, se a taxa de desmatamento está subindo ou descendo. Este acerto aplica tanto à escala estadual como à da Amazônia brasileira toda, mas só para os dados anuais e não para os dados mensais, muitas vezes relatados na imprensa", afirma o cientista.

Fearnside disse que o aumento do desmatamento em 2013 traz uma lição ao governo federal. "A lição de vida do aumento da taxa é que é perigosa a complacência que se instalou em Brasília nos últimos anos, constantemente retratando o desmatamento como um problema do passado, já vencido. Não se pode esperar que estradas, barragens, linhas de transmissão e outras obras sejam construídas em toda parte da Amazônia sem que o desmatamento aumente".

O coordenador do Programa Amazônia do Inpe, Dalton Valeriano, disse que os alertas do Deter detectaram uma taxa maior de degradação da floresta este ano, mas, segundo ele, esses dados não significam que o Prodes vai apresentar aumento no índice de desmatamento para 2013.

No mês de maio último, por exemplo, o Deter registrou o maior índice de desmatamento. Dos 465 km², 83% foram de degradação da floresta, diz Valeriano.

A degradação da floresta acontece quando o extrator de madeira corta apenas as árvores de maior valor econômico. A vegetação que fica é queimada. O desmatamento é considerado quando ocorre a retirada total da vegetação com corte raso.

Nos meses julho (com 217,45 km²) e agosto (com 288,60 km²) as taxas do Deter continuaram em alta quanto ao desmatamento em relação ao ano de 2012. Apesar dos números, o pesquisador afirma que o alerta não foi concebido para ser um indicador do Prodes.

"O Deter foi concebido para ser, simplesmente, uma ferramenta de orientação às políticas de combate aos desmatamentos nas instâncias estratégicas. Qualquer especulação em cima dos dados do Deter, a gente não endossa. É quase igual colocar um turbante e uma bola de cristal na minha frente. Chute eu não vou dar", afirmou Dalton Valeriano.

Adalberto Veríssimo, um dos coordenadores do SAD/ Imazon, confirma a alta na devastação da floresta neste ano. "Nossa estimativa é que haverá um aumento em relação a 2013, embora haja possibilidade de se manter relativamente estável. Isso poderá ocorrer se os chamados desmatamentos pequenos (abaixo de 10 hectares) tenham sido excepcionalmente reduzidos neste último ano", afirma Veríssimo.

A reportagem do portal Amazônia Real procurou a assessoria de imprensa do governo do Amazonas para comentar as declarações dos cientistas sobre o aumento do desmatamento no Estado, mas o órgão não se pronunciou até a conclusão da reportagem.

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