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Aldeia Yanomami, no Amazonas, receberá purificador de água

G1 - www.g1.globo.com
20 de Mai de 2015

Localidade enfrenta problemas decorrentes de água contaminada, diz Inpa. Equipamento purifica água por meio dos raios solares.

Uma aldeia Yanomami, localizada no município de Santa Isabel do Rio Negro, distante 630 quilômetros de Manaus, receberá uma unidade do purificador de água. A implantação do projeto foi anunciada pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), nesta semana. A previsão é que o sistema seja implantado no segundo semestre deste ano. O equipamento, chamado de "Ecolágua", utiliza raios ultravioleta para a desinfecção de água contaminada de rios, tornando-a potável em poucos segundos.

De acordo com o Inpa, o equipamento beneficiará cerca de 150 indígenas que enfrentam problemas graves de saúde por causa do consumo de água poluída.

No processo de desinfecção da água contaminada, os micro-organismos em contato com os raios ultravioleta tipo C perdem a capacidade de se multiplicarem. Isso porque a luz provoca um dano fotoquímico instantâneo no material genético das microbactérias, o que causa o efeito desinfectante.

O equipamento de tamanho compacto pesa 13 quilos, purifica até 400 litros de água por hora, utiliza energia solar e bateria, e a vida útil da lâmpada ultravioleta é de 10 mil horas (o equivalente a três anos de duração).

A invenção passou a ser disponibilizada no mercado para venda no segundo semestre de 2014, pela empresa amazonense Qluz Econergia, que assinou, em 2012, acordo de transferência da tecnologia desenvolvida pelo Inpa, por meio da Coordenação de Extensão Tecnológica e Inovação (Ceti).

De acordo com o Inpa, a tecnologia já foi implantada em 19 comunidades do município de Benjamim Constant. Dez equipamentos foram instalados em oito aldeias indígenas.

O Instituto informou ainda que deve instalar dois aparelhos em Nampula, no interior de Moçambique, na África, no próximo dia 10 de julho. Representantes de uma ONG vieram ao Amazonas para conhecer o projeto e se interessaram pela tecnologia. Um técnico do Inpa deverá instalar o equipamento no continente africano. Ainda conforme o Inpa, a previsão é instalar o purificador em uma outra localidade até junho deste ano. O local ainda está sendo estudado.

A tecnologia

Anteriormente nomeado "Água Box", o equipamento pesa cerca de 15 kg e pode "limpar" facilmente águas de rios, poços e da chuva, segundo o pesquisador Roland Vetter, desenvolvedor do equipamento. Águas de rios urbanos, como a Bacia do Turamã, em Manaus, ou o Rio Tietê, em São Paulo, também podem ser purificadas pelo equipamento, que realiza uma filtragem prévia para conter alguns resíduos sólidos, como areia e outros sedimentos.
O sistema simples necessita apenas de um rio ou afluente nas proximidades. A luz do sol é capturada por painéis solares, os quais mantêm carregada uma bateria dentro do equipamento. Desta forma, a tecnologia garante o funcionamento de uma lâmpada ultravioleta, responsável pela destruição dos microorganismos. A energia solar assegura ainda o desempenho do Ecolágua mesmo na ausência de luz, como durante as noites ou dias chuvosos, segundo explica Vetter.

"A água é um elemento que pode absorver os raios ultravioleta, que são emitidos por uma lâmpada situada em um tubo dentro da máquina. Assim, a água, que é bombeada de um rio, poço ou lago, para uma caixa d'água, passa por um filtro e chega a uma torneira, de onde já sai completamente limpa e potável", disse ele, ao ressaltar que o equipamento purifica até 400 litros de água por hora e pode amparar as necessidades de um grupo de cerca de 200 pessoas.

Com o processo de filtragem adequado - cujo equipamento específico é anexado ao Ecolágua -, o pesquisador do Inpa Ray Cleise, que fez parte da concepção da tecnologia, garante que águas turvas podem se tornar límpidas. Nesse sentido, a tecnologia pode ser uma alternativa também para resolver os problemas de seca em algumas regiões do país. "A lâmpada tem potência para trabalhar com todo tipo de água. Um afluente poluído, independentemente do grau, não ficará mais contaminado ao passar pelo Ecolágua", ressaltou.

A máquina garante a eficiência de desinfecção em 99,99%, conforme testes feitos em laborátório. Uma mostra d'água coletada do Rio Solimões constatou a contaminação por bactérias Escherichia Coli, que estão presentes no intestino humano, além de índices de turbidez superiores ao admissível. Após o tratamento com a tecnologia, as bactérias foram destruídas e a turvação passou de 27,90 UNT - Unidade Nefelométrica de Turbidez - para 1,64 UNT.

Segundo Vetter, a tecnologia não garante a desinfecção de águas com metais pesados. Por esse motivo, o equipamento não pode ser instalado em locais próximos a áreas de garimpo.

http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2015/05/aldeia-yanomami-no-amaz…

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