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Aldeia indígena é transformada em sala de universidade

Gazetaweb (AL) - http://gazetaweb.globo.com/
06 de Jun de 2010

Curso de licenciatura da Uneal reúne 80 educadores de várias etnias em Palmeira dos Índios

O prédio da Escola Estadual Indígena, localizado na aldeia da Mata da Cafurna, na zona rural do município de Palmeira dos Índios, vivencia um momento singular na história dos povos indígenas de Alagoas, com a sua transformação em sala de aula da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal).

Cerca de 80 professores indígenas, oriundos das tribos Kariri, Jeripancó, Wassu, Koiupanká, Tingui Botó, Karapotó Plaki-Ô e Xucuru Kariri, participaram na sexta-feira (4), dos Estudos Cooperados do Curso de Licenciatura Indígena (Clind).

A iniciativa é pioneira em todo o Nordeste, com a oferta de graduação superior para professores indígenas nas áreas de Ciências Biológicas, História, Pedagogia e Letras.

Indígenas, professores, alunos, e demais presentes dançaram o tore, e em seguida, a aluna do curso e diretora da Escola Estadual Indígena da Mata da Cafurna, Hildérica de Lima, destacou o momento vivenciado pela comunidade e deu boas-vindas a todos os graduandos, provenientes de todas as aldeias de Alagoas.

Bastante emocionado, o cacique Xucuru-Kariri Manoel Heleno da Silva salientou a importância do momento e reiterou a intenção de trazer novos cursos de especialização para a aldeia.

Por sua vez, a coordenadora-geral do Clind/Uneal, Iraci Nobre, disse que o curso de licenciatura é fruto de uma luta dos povos indígenas de Alagoas. "O curso é um marco na Educação em nosso Estado e reafirma o compromisso da Uneal para a igualdade de direitos e a democratização e acesso ao conhecimento", frisou ela.

Em sua fala, a reitora Laudirege Fernandes parabenizou a equipe de professores e alunos do curso de graduação da Uneal e destacou a ousadia da universidade.

"Somos a instituição pioneira em todo o Nordeste no resgate de uma antiga dívida do país com os povos indígenas. Estamos rompendo barreiras e transpondo os muros da universidade para vivenciar a realidade das aldeias alagoanas, com o repasse de conhecimentos e a troca de experiências para resgatar a história e mudar o quadro atual da educação nas comunidades indígenas", completou a reitora.

Consciência

O índio Antônio Celestino fez um emocionante discurso ao citar uma jaqueira ao lado da escola como testemunha da luta pela construção da consciência dos povos indígenas. "Temos que aproveitar esse momento para ter de volta aquilo que não perdemos, mas foi rompido por quem nos ensinou mal desde o passado.

Até nossos nomes, nossas línguas e nossos costumes foram negados por uma civilização que nos obrigou a aceitar uma história. Cabe aos nossos professores fazer a história certa para os nossos filhos e netos", vaticinou Antônio Celestino.

Em seguida, professores e alunos iniciaram as atividades do Estudos Cooperados, com a palestra do professor-doutor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Aldir Santos de Paula.

A programação dos Estudos Cooperados prossegue neste sábado (5), com palestras e oficinas de integração entre fundamentos teóricos com a prática em sala de aula e a realidade vivenciada pelos graduandos.

O curso de licenciatura foi iniciado no último mês de fevereiro e tem duração de quatro anos.

A graduação está sendo executada por meio de convênio firmado entre a Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Ministério da Educação (MEC) e Gerência de Educação Indígena (GEEIND) da Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (SEE).

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